Paulo Borges em
Uma Visão Armilar do Mundo.
Falar de
Orlando Ribeiro, é muito mais do que falar de um simples geógrafo ou homem das ciências. Falar de Orlando Ribeiro, é falar daquele que provavelmente foi o maior geógrafo português de todos os tempos, um homem com uma história de vida fascinante, completamente voltada para as ciências e progresso científico. Um homem que criou, não apenas no âmbito das ciências, mas também no meio artístico, dada a sua extrema sensibilidade para as artes, em particular a música que tanto apreciava, e a fotografia, essa paixão que toda a vida o acompanhou de forma quase indissociável de tudo o resto.
Nas suas viagens pelo mundo Português, após calcorrear todo o Portugal continental, do mais conhecido ao mais profundo, chegando a locais praticamente inacessíveis, tantas vezes sozinho, na companhia de um burro, da sua máquina e dos seus preciosos cadernos, passando pelos nossos arquipélagos atlânticos, territórios africanos e asiáticos, Orlando Ribeiro, traçou um retrato vivo de uma importante parte da presença lusíada no mundo. Para além de Portugal, incluindo Açores e Madeira, as suas viagens pelo Mundo Português levaram-no até outros territórios como Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Goa, Damão e Diu, desenvolvendo um aprofundamento do conhecimento sobre esse Portugal Universal, materializado em distintas terras, gentes e culturas.
Nascido em Lisboa a 16 de Fevereiro de 1911, Orlando Ribeiro licenciou-se e doutorou-se em Lisboa, na área de História e Geografia, tendo recebido uma forte influência de grandes mestres como
David de Melo Lopes e de
José Leite de Vasconcelos, a quem de resto dedicou a sua obra maior,
Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico em 1945. Tendo passado por Coimbra e Paris, onde trabalhou com o historiador
Marc Bloch na Sorbonne, foi em Lisboa que Orlando Ribeiro se radicou e desenvolveu grande parte do seu trabalho e criou o Centro de Estudos Geográficos.
Intelectual completo, interessado em áreas tão distintas como Geografia, Geologia, História, Etnografia, Antropologia, Fotografia, entre outras, Orlando Ribeiro foi um renovador e modernizador da Cultura e Academia Portuguesa, podendo-se encontrar mais informações quanto à sua vida e obra num interessante artigo de João Carlos Garcia, intitulado
Orlando Ribeiro (1911-1997): o Mundo à sua procura, publicado em 1998 na revista do departamento de Geografia da FLUP.
Belíssimo.
ResponderEliminarGrande texto, magníficas fotos.
Um sentido Obrigado,
NBJ
Ora essa. Cumprimos apenas a nossa fraterna obrigatoriedade de partilhar.
ResponderEliminarUm braço forte ao Oriente.
Não conhecia o trabalho de Orlando Ribeiro, mas as fotografias estão fantásticas. Retratos do Império.
ResponderEliminarExistem dois livros fundamentais para se compreender o nascimento de Portugal. Um é o "Como nasceu Portugal" do Damião Peres, outro é "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico" de Orlando Ribeiro. Recomendo.
ResponderEliminarEu também não conhecia esta figura e fiquei muito satisfeito com o artigo.
ResponderEliminarDeve-se o despertar para esta figura e a sua obra, no seio desta Nova Casa Portuguesa, ao Professor Humberto Baquero Moreno que, há uns anos atrás, nos falou dela numa das suas saudosas aulas de História Medieval de Portugal.
ResponderEliminarNão querendo cometer uma gafe, creio que foi Orlando Ribeiro o primeiro a classificar Portugal como um país atlântico, contrariando as antigas teses que o englobavam no grupo de territórios mediterrâneos. Este novo conceito evoluiu e é hoje unanimemente aceite em praticamente todas as áreas. Até na própria culinária. Se repararmos, já não se utiliza tanto a expressão cozinha mediterrânea para classificar a gastronomia Portuguesa, porque, de facto, são diferentes. O mesmo se aplica ao clima, cultura, agricultura, entre outros.
O Mediterrâneo não é a nossa casa.
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