segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O bom soberano segundo D. Frei Amador Arrais

Numa época tão confusa como esta em que vivemos perdemos por vezes o Norte, impedindo-nos de tomar o rumo que o destino nos traçou até à glória do porvir. A sociedade da (des)informação mantém-nos ocupados através de inúmeras mensagens de alerta e das infundadas acusações subliminares dos crimes que não cometemos, mas pelos quais todos os dias somos condenados às mãos dos verdadeiros criminosos. A maioria das pessoas, alienadas e enganadas, procedem à sua auto-culpabilização, permitindo cegamente à criminosa classe política contemporânea continuadamente roubar e despojar a Pátria em nome de duas formas de tirania institucionalizadas, a república e a democracia.
Talvez por isso seja hoje tão oportuno relembrar e sintetizar as máximas de D. Frei Amador Arrais que, ainda no século XVI, procurou descrever o bom soberano, traçando um retrato idílico, intemporal e, por isso mesmo, tão actual, do perfeito governante:  
- o bom rei dá atenção a todos os seus vassalos;
- o bom rei trata todos os seus vassalos como iguais;
- o bom rei premeia apenas os vassalos que têm mérito individual;
- o bom rei favorece a cultura dos seus vassalos;
- o bom rei vela pelo bom funcionamento das suas instituições;
- o bom rei é justo e piedoso;
- o bom rei favorece o enriquecimento dos seus vassalos;
- o bom rei minimiza a carga fiscal;
- o bom rei acode aos vassalos mais necessitados;
- o bom rei favorece a paz;
- o bom rei procura ter somente conflitos de natureza diplomática;
- o bom rei é imagem, porque a boa imagem é aquela que reflecte o que existe.
A resposta para aos problemas de Portugal não está para lá das nossas fronteiras, pelo contrário, encontra-se encerrada no nosso espírito e na nossa tradição. Portugal, temos a força, falta-nos apenas a vontade de soltar as amarras e quebrar os grilhões da tirania.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

IV Colóquio Luso-Galaico sobre a Saudade

«A saudade só morre na morte (porque aí, realizando-se de todo, se anula, por consumação): quando as camadas terrestres do fruto forem destruídas pela força total consumidora do Espírito, até ao cerne, à semente eterna do ser, que ela protege e envolve (e alimenta) - como polpa de vida e tempo, ou vida no tempo.
A saudade é sempre a passagem, como processo em vias de se fazer, em incessante perfectibilidade, do tempo à eternidade. A saudade é sempre a passagem, como processo em vias de se fazer, em incessante perfectibilidade, do tempo à eternidade.»
Dalila L. Pereira da Costa em  Introdução à Saudade.

Com a chegada dos primeiros dias de Outono discute-se e medita-se sobre o enraizamento da Saudade, através da realização do IV Colóquio Luso-Galaico sobre a Saudade. Este decorrerá durante os próximos dias 4 e 5 de Novembro, numa organização do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Grupo de Investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal), em parceria com o Centro de Estudos do Pensamento Português - Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa e o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. O programa deste colóquio encontra-se dividido em quatro painéis sequenciais, espalhados pelas instalações da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Universidade Católica Portuguesa (Porto), Biblioteca Municipal de Viana do Castelo e Biblioteca Albano Sardoeira em Amarante. A entrada é livre.

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Programa do Colóquio 

4 de Novembro Sessão I - Faculdade de Letras da Universidade do Porto: Anfiteatro II 

09h30
- Sessão de Abertura com Maria Celeste Natário, Arnaldo Pinho, José Esteves Pereira e António Braz Teixeira.

10h00 
- Manuel Ferreira Patrício - Mitologia, Fenomenologia, Ontologia da Saudade - Um Itinerário Ascendente e Aprofundante 
- José Pedro Angélico - Criação, Esperança e Saudade. Breves apontamentos teológicos 
- Teresa Noronha - Desejo e Saudade. Do Caos a Conatus 
- António Cândido Franco - Em torno duma mitologia da saudade  

11h30
- Paulo Ferreira da Cunha - Poderá Haver “Saudades do Futuro”? 
- Helena Filipa Lourenço - "Velai o Reino da Saudade": A representação da Saudade em algumas obras da Literatura Portuguesa 
- Maria De Lourdes Sirgado Ganho - Saudade: Afonso Botelho Leitor De D. Duarte 
- Maria Celeste Natário - Física e Metafísica da Saudade em Pascoaes 

13h00
- Intervalo Para Almoço 


Sessão II - Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa 

14h30
- António Braz Teixeira - Da possibilidade de pensar a Saudade a partir da filosofia espanhola contemporânea 
- Joam Evans - A Saudade galego-portuguesa no quadro mitológico europeu: uma interpretação antropológica do messianismo atlântico 
- Luís Garcia Soto - Saudades galegas 
- Dirk Hennrich - Cinco princípios para uma fenomenologia da Saudade 

16h00
- Paulo Borges - Saudade e Saúde. Saudar e Salvar
- Ricardo Ventura - Paráfrase e alegoria n'as saudades da terra de Gaspar Frutuoso 
- Bruno Béu de Carvalho - Saudade evocativa e saudade absoluta em Vergílio Ferreir
- Rui Lopo - O Sopesamento Não Saudosista Da Saudade: O Contributo Filosófico De José Barata-Moura 

17h30
- Manuel Cândido Pimentel - Vieira e a Saudade 
- Duarte Drumond Braga - Saudade e “Índia Nova” no jovem Pessoa 
- Raquel Nobre Guerra - Para uma leitura da Saudade em Álvaro de Campos 
- Luís Araújo - Aspectos do Saudosismo em Pascoaes 


5 De Novembro Sessão III - Viana do Castelo: Biblioteca Municipal 

10h30
- Rodrigo Sobral Cunha - O ritmo da Saudade 
- Samuel Dimas - A Saudade metafísica do mistério 
- Margarida Simões - A Saudade: uma heterodoxia identitária
- Pedro Baptista - Da Saudade ao paraíso do futuro
- Miguel Real - A teoria da Saudade em António Braz Teixeira e Paulo Borges
- Renato Epifânio - As não Saudades de Agostinho da Silva 

12h30
- Intervalo Para Almoço 


Sessão IV - Amarante: Biblioteca Albano Sardoeira 

16h00
- José Carlos Seabra Pereira - Outras visões da Saudade 
- Luísa Malato - Energia, outro nome da Saudade: o teatro crítico do Padre Feijoo 

17h00
- Lançamentos - Revista Nova Águia Nº 8: O Pensamento da Cultura de Língua Portuguesa; Vários Autores, A Águia & a República: 100 anos depois; Maria Celeste Natário, Teixeira De Pascoaes: Saudade, Física e Metafísica 

18h00 
- Sessão de Encerramento 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Amar ou Odiar

Fausto Guedes Teixeira em 1894.

Amar ou odiar 
Ou tudo ou nada 
 O meio termo é que não pode ser 
 A alma tem de estar sobressaltada 
 Para o nosso barro sentir, viver 
 Não é uma Cruz que não se queira pesada 
 Metade de um prazer, não é um prazer! 
 E quem quiser a vida sossegada 
 Fuja da vida e deixe-se morrer! 
 Vive-se tanto mais quanto se sente 
 Todo o valor está no que sofremos 
 Que nenhum homem seja indiferente! 
 Amemos muito como odiamos já! 
 A verdade está sempre nos extremos 
 Pois é no sentimento que ela está.

Fausto Guedes Teixeira.

Amar ou Odiar de Fausto Guedes Teixeira, dito por João Villaret.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

D. Dinis, o rei trovador revisitado na Biblioteca Nacional

«D. Dinis é um dos autores representado nos Cancioneiros com maior número de composições: são da sua autoria 137 textos, nos vários géneros. Nasceu em Lisboa em 1261, tendo falecido em Santarém, em 1325. É filho de D. Afonso III de Portugal e de D. Beatriz de Castela, sendo neto, por via materna de Afonso X, de quem terá herdado o génio poético. O pai Afonso III, por outro lado, traz consigo a influência da corte borgonhesa, e o gosto pela literatura cavaleiresca, o que terá criado um ambiente favorável a que, na corte  de D. Dinis, que terá tido perceptores de origem provençal como Domingos Jardo, a cultura tivesse encontrado um momento de grande florescimento. A ele se deve a fundação dos Estudos Gerais de Lisboa, embrião da Universidade portuguesa. Também pelo casamento com Isabel de Aragão, a literatura em langue d'oc viu a sua presença reforçada na corte dionisina. Há, na linguagem de D. Dinis, um retomar de muitas fórmulas e lugares comuns da poesia medieval. Tal facto não deve surpreender, já que o conceito de originalidade é algo que não faz parte desta literatura. Não quer isto dizer que não possamos reconhecer elementos próprios e originais, nomeadamente a afirmação da sua arte poética, assim como o reflexo da sua condição real no modo como desenvolve alguns aspectos das Cantigas de Amigo.»
Nuno Júdice em D. Dinis - Cancioneiro.

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Prosseguem, um pouco por todo o país, as celebrações dos 750 anos do nascimento de D. Dinis, multiplicando-se os eventos de homenagem ao nosso sábio rei lavrador. 
Assim, no próximo dia 28 de Outubro, pelas 18:00, no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal, poder-se-á assistir a duas conferências de Ângela Correia e Manuel Pedro Ferreira, subordinadas ao tema Dom Dinis, Trovador, seguindo-se a apresentação do Projecto Littera, a cargo da investigadora Graça Videira Lopes. Este evento terminará com um concerto do grupo Vozes Alfonsinas que tratará de executar algumas das cantigas medievais de Dom Dinis e seus contemporâneos. A entrada é livre.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ponto de partida, lugar de encontro! Uma exposição sobre Orlando Ribeiro!

«Em um século, portugueses e espanhóis fecharam um circuito marítimo que passou a fazer-se com a regularidade de um fenómeno natural; as suas datas extremes são a conquista de Ceuta (1415), primeira cidade africana ocupada por um povo europeu, e a primeira viagem de circum-navegação começada por Magalhães e terminada por El Cano, numa estreita colaboração dos dois estados peninsulares (1517). (...) Em um século apenas mudou o futuro do mundo e, pela primeira vez, a história tomou dimensão universal. A Europa entra em contacto directo com todas as grandes sociedades ou civilizações históricas ainda vivas, na África, no Índico, no Pacífico, na América.»
Orlando Ribeiro em  Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico.
  
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O impressionante percurso e contributo de Orlando Ribeiro para o desenvolvimento científico e humano foi já aqui abordado neste espaço, tendo-se enfatizado sobretudo o seu trabalho de fotografo, paralelo à sua actividade sobranceira de geógrafo e investigador. Uma vida dedicada ao progresso da ciência, às humanidades e à arte da fotografia fizeram de Orlando Ribeiro um importante vulto da cultura portuguesa do século XX.
Nesse sentido, de forma a celebrar os 100 anos do nascimento de Orlando Ribeiro, a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), conjuntamente com o Centro de Estudos Geográficos (IGOT, Universidade de Lisboa), organiza uma exposição intitulada Orlando Ribeiro (1911-1997): Ponto de partida, lugar de encontro. Esta ficará patente na BNP até 18 de Fevereiro de 2012. A sua inauguração ocorrerá no próximo dia 26 de Outubro, sendo precedida de um pequeno colóquio sobre Orlando Ribeiro que contará com o seguinte programa: 

17h00 - Testemunhos sobre Orlando Ribeiro; 
18h00 - Entrega do Prémio Nacional de Geografia Orlando Ribeiro, atribuído pela Associação Portuguesa de Geógrafos;
18h30 - Inauguração da Exposição.

domingo, 23 de outubro de 2011

Cultura Entre Culturas n.º 4

Realiza-se na próxima Terça-Feira, dia 25 de Outubro, pelas 18:30, o lançamento do nº 4 da revista Cultura Entre Culturas, dedicado ao poeta surrealista António Ramos Rosa. Este número contém um caderno especial de 60 páginas com poemas e desenhos inéditos do poeta, bem como diversos estudos e testemunhos de figuras destacadas da nossa Cultura. 
A apresentação será feita por Maria Teresa Dias Furtado (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e António Cândido Franco (Universidade de Évora), estando também presentes o director da revista, Paulo Borges, o director de arte, Luiz Pires dos Reys, assim como o editor Baptista Lopes (Âncora Editora).
A sessão de apresentação terá lugar na actual morada do poeta, situada na Residência Faria Mantero, Praça de Dio, n.º 3 - 1400-102 Lisboa. A entrada é livre.

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Lista de conteúdos

EDITORIAL 

ENSAIOS philo- sophia | sophemas

Dirk Hennrich
- Alguns aforismos sobre filosofia e poesia (em homenagem a José Marinho) 
Paulo Borges
- Grãos de areia 
Fátima Valverde
- Ministério da estética: para uma consciência social do belo 
Carlos Silva
- Pessoa Pluralidade possível -­ encenação de uma leitura temporã e de permeio 
Luiz Pires dos Reys
- Nascer do dia frag : mentos do ermo a esmo

POESIA photo grafia | rte 

José Valle de Figueiredo 
- 5 poemas inéditos
António Cândido Franco
- Leonor Teles
- Retrato de Francisco Palma Dias
João Raposo
- Hora de Névoa
Ethel Feldman 
- Esperei-te em silêncio
- Benjamin 
Fátima Vale 
- Êxtase-ganapatyas 
- Eclipse 
- Da árvore que caiu da folha
- Tens danças adiadas no salão de uma estrela 
Agripina Costa Marques
- Voo - vaivém entre diferentes planos 
- O primeiro sinal emanou da montanha
Donis de Frol Guilhade
- Dois poemas de Uroboros ou o Vaticinador de Chirico
- Paz: majestado sereníssimo 
Dom Diniz 
- Duas cantigas de mestria (nos 750 anos do seu nascimento) 
Bruno Miguel Resende 
- 4 imagéticas 
Rui Miguel Félix
- 4 fotografias | 2 poemas

DOSSIER ANTÓNIO RAMOS ROSA

Ana Paula Coutinho Mendes
- António Ramos Rosa ou a respiração poética do mundo
António Ramos Rosa 
- Poemas inéditos (ou quase éditos) e outros menos

Testemunhos

Agripina Costa Marques
- Louvam o sol com seus cantos
Casimiro de Brito 
- Eros e Thanatos
Maria João Fernandes 
- Lettera amorosa 
Maria Teresa Dias Furtado
- As palavras que António me deu 
Paulo Borges 
- Do imediato, da palavra, do silêncio e do vazio em António Ramos Rosa 
Gonçalo Salvado 
- Desenho 
Maria do Sameiro Barroso 
- A palavra tributaria e solar 
Fernando Esteves Pinto 
- Para António Ramos Rosa 
Gisela Ramos Rosa 
- Duas fotografias | Um poema 
- Os ramos do seu nome (um testemunho) 
José Machado Pais 
- Rosalume 
José Bivar 
- A mão que canta os pássaros 
Luís Filipe Pereira
- Como leitor de António Ramos Rosa, esta impressão breve não será mais que a fantasia de um pássaro/preso na ténue rede das palavras oblíquas
Manuela Justino
- Osquestração 
João Pedro Silva
- António Ramos Rosa, a poesia desenhada 
João Rui de Sousa 
- O relógio da amizade 
Tiago Nené 
- O bom poeta 
Donis de Frol Guilhade
- Cal: alquimia espiral do sol’o

Bibliografia [in]completa de António Ramos Rosa 

VOZES D’OUTRO NENHURES 

Stephen Batchelor
- Mitologias paralelas
- Tédio Baudelaire 

COLABORADORES ENTRE notas biobibliográficas

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Intelectual Brejeiro

Leviano, cínico, mordaz, directo, subversivo, humorístico, cultural-anti-cultural e pedagógico... Estes são apenas alguns dos adjectivos que nos permitem caracterizar O Intelectual Brejeiro. Uma página que começa já a ser um fenómeno de popularidade entre uma determinada comunidade virtual do Facebook.
Contra-cultura cultural, nacional e internacional, escrita no mais vernáculo Português de Portugal. Visite!  

(Clicar na imagem para aceder a O Intelectual Brejeiro.)

domingo, 9 de outubro de 2011

Colecção "Arquitectos Portugueses"

«Toda a obra que deva perdurar tem de ser edificada com observância das leis da estática e conhecimento da qualidade dos materiais que nela se empregam; e onde quer que haja desprezo ou ignorância destas condições, logo a matéria se vinga prejudicando o trabalho do Homem ou escarnecendo a sua inépcia. Mas, na construção da casa que nos servirá de moradia, não basta respeitar com rigor o que a ciência apura e prescreve em matéria de conta, peso e medida. A segurança aqui é como certas virtudes que têm o dom de despertar e atrair outras qualidades simpáticas que as vêm reforçar. À estabilidade que o cálculo matemático garante, devemos nós generosamente acrescentar a margem de largueza que reforça a segurança e lhe dá propriedades de duração. A isto chamamos edificar com SOLIDEZ.»
Raul Lino em Alguns apontamentos sobre o 
arquitectar das casas simples

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O Público começou a distribuir na passada Quinta-Feira uma interessante colecção de divulgação cultural dedicada a alguns dos principais nomes da arquitectura portuguesa. São 12 livros que revisitam a vida e obra de personalidades como Raul Lino, Souto Moura, Álvaro Siza Vieira, Marques da Silva, Cassiano Branco, Fernando Távora, João Mendes Ribeiro, entre outros.
Com uma periodicidade semanal, esta colecção encontra-se disponível nas bancas todas as Quintas-Feiras, entre 6 de Outubro e 19 de Dezembro, sendo o preço de cada livro de apenas 6,90€. A primeira entrega, dedicada a Raul Lino, teve um custo de apenas 3€, encontrando-se ainda disponível na maioria dos quiosques e papelarias.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Exposição sobre Branquinho da Fonseca na Fundação Calouste Gulbenkian

Poeta, tradutor, autor dramático e ficcional, entre inúmeras outras coisas, António José Branquinho da Fonseca foi um dos grandes vultos literários do séc. XX português, hoje algo esquecido esquecido em detrimento de outras personalidades, eventualmente mais úteis à pseudo-legitimação dos interesses instalados.
Felizmente, a sua obra tem vindo nos últimos tempos a ser relembrada, face ao enorme êxito e mediatismo alcançado internacionalmente pelo mais recente filme do realizador Edgar Pêra, intitulado O Barão, inspirado no conto homónimo do escritor português.
Em jeito de homenagem, a Fundação Calouste Gulbenkian resolveu organizar no passado dia 3 de Outubro uma antestreia de O Barão, acompanhada por uma pequena exposição dedicada a Branquinho da Fonseca que, para além do seu talento literário dirigiu, desde a sua criação, o Serviço de Bibliotecas Fixas e Itinerantes daquela fundação.
Inaugurada no passado dia 3 de Outubro, esta exposição estará patente nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian até ao próximo dia 15 de Outubro. A entrada é livre.   

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Rei D. Dinis (O Lavrador) - O Seu Reinado e Legado

«O grande príncipe herdara um incontestável talento de administrador, que uma sólida e bem cuidada educação afinou. A cultura literária adquiriu.a ele no convívio de homens sabedores, como o padre francês Emeric D'Ébrard e o padre português Domingos Jardo. Seguindo o exemplo do seu avô castelhano, Afonso, o Sábio, cuja colectânea legislativa, as Siete Partidas, mandou traduzir em língua portuguesa, prestaria ainda outro inesquécivel serviço, determinando que os actos judiciais e notariais fossem redigidos no falar do vulgo, e não em latim, como era tradição. E mais talvez por esse motivo do que pelas suas trovas, aliás, formosíssimas, D. Dinis contribuiu para o avigoramento e fixação da língua nacional.»
Ângelo Ribeiro em  História de Portugal: A afirmação do país
Da conquista do Algarve à regência de Leonor Teles
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Inicia-se amanhã o primeiro de quatro eventos, organizados pelo projecto Pensar Odivelas, que visam celebrar o 750º Aniversário do nascimento do Rei D. Dinis. 
A conferência de amanhã, intitulada Rei D. Dinis (O Lavrador) - O Seu Reinado e Legado, terá lugar nas instalações do Instituto Superior de Ciências Educacionais (ISCE), pelas 21:00, contando com a presença dos seguintes oradores: Assunção Cristas, Dom Duarte Pio, Rosado Fernandes, Maria Máxima Vaz e Carlos Coelho.
A entrada é livre.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Revolução

Aos amigos e camaradas d'O Espectador Portuguez.
Entre a glória de 1143 e as ruínas de 1910, reergue-se hoje a esperança pela mão da Novíssima e Furiosa Renascença.

Tema Revolução da banda Heróis do Mar, retirado do álbum Macau
lançado em 1986 pela EMI/Valentim de Carvalho.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ILC contra o (des)acordo ortográfico

«O Acordo Ortográfico é objectivamente um atentado contra a estabilidade do património cultural textual de Portugal e contra a qualidade do ensino do português língua materna: os seus proponentes prestaram um mau serviço ao país e à língua. Importa, enquanto é tempo, impedir a sua aplicação (nem que seja através de um novo protocolo modificativo), e proceder à sua revisão através da consulta de organismos, instituições e personalidades idóneas da sociedade civil, das universidades e dos diversos sectores profissionais directamente relacionados com o uso da língua portuguesa escrita EM PORTUGAL.»
António Emiliano em Foi você que pediu um acordo ortográfico?

A todos os que ainda não tomaram conhecimento da existência de uma forma capaz de reverter o enorme erro e atentado que representa o novo (des)acordo ortográfico para a nossa língua, cultura e soberania, voltamos a lembrar a existência da Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) Contra o Acordo Ortográfico.
Por favor, redescubra a utilidade do seu cartão de eleitor. Seja um português consciente e participe na defesa da sua língua e da sua cultura. 
Para mais informações visite http://ilcao.cedilha.net ou www.portuguespt.com.

Vídeo de apresentação da Iniciativa Legislativa de Cidadãos Contra o Acordo Ortográfico.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Protesto de estudantes contra o (des)acordo ortográfico!

Estreita-se o cerco ao infame (des)acordo ortográfico, multiplicando-se diariamente as várias frentes de batalha nas quais este mal é combatido pelos mais conscientes e esclarecidos utilizadores ou amantes da língua de Camões. São cada vez mais as pessoas a aderirem aos vários movimentos de contestação, defendendo a revogação do novo (des)acordo ortográfico, o que só pode ser interpretado como um redespertar da consciência do dever cívico, cultural e patriótico.
A mais recente plataforma criada para nos auxiliar nesta demanda intitula-se Protesto de Estudantes Contra o Acordo Ortográfico e visa reunir assinaturas de todos os estudantes, oriundos dos mais diversos graus de ensino, oponentes à degradação do ensino que este acordo promove de forma parasitária.
Fica uma vez mais feita a divulgação, pedindo-se aos nossos assíduos leitores, bem como aos visitantes esporádicos que abracem esta causa da defesa da língua portuguesa, divulgando-a e participando activamente nas várias iniciativas.

(Clicar na imagem para aceder ao formulário do protesto.)
«Este protesto é para os jovens que querem impedir esta ofensa à Língua Portuguesa, que é o seu principal instrumento de trabalho.»

domingo, 2 de outubro de 2011

Resposta a uma dúvida recorrente sobre o novo (des)acordo ortográfico

Pergunta: Posso continuar a escrever como aprendi na escola?

Resposta: Sim. O utilizador da língua pode optar por utilizar a nova ortografia ou não, uma vez que não pratica qualquer ilícito contravencional. Manter a ortografia aprendida na escola não tem qualquer consequência legal, mesmo após o período de transição de 6 anos previsto legalmente.

(Transcrição do essencial da resposta avançada em www.priberam.pt/docs/NovaOrtografia.pdf)

A palavra de ordem é desobedecer!

sábado, 1 de outubro de 2011

Pedro do Porto e os alvores da "era dourada" da polifonia portuguesa

«A mais antiga obra de polifonia portuguesa, da qual conhecemos o seu autor, é o Magnificat de Pedro do Porto. Esta encontra-se conservada num códex da catedral de Terragona. (...) Pedro do Porto é um pouco como um símbolo da transição que se efectua na sua época no panorama musical ibérico.»
Rui Vieira Nery em História da Música

O contributo português para o desenvolvimento da música ocidental foi particularmente notório entre os séculos XV e XVII, durante a também apelidada "era dourada" da polifonia portuguesa. Durante este período assistiu-se ao aparecimento de um expressivo número de importantes compositores que haveriam de criar escola e influenciar todo o panorama musical da sua época. A Pedro do Porto, também conhecido por Pedro de Escobar, juntaram-se posteriormente os nomes de Duarte LoboPedro de CristoFilipe de MagalhãesManuel Cardoso, Manuel MendesFrancisco Martins, entre outros que fizeram através da polifonia a transição entre a música renascentista e barroca.
A importância de Pedro do Porto advém não só do seu talento, como também do facto de ser o autor da obra polifónica portuguesa mais antiga, da qual se conhece o nome do seu compositor. 
Da sua vida pouco ou nada se sabe até ao ano de 1489, data em que entra ao serviço da corte de Isabel I de Castela. Conjectura-se que terá nascido por volta de 1465, na cidade do Porto, de onde era tido como natural, segundo as descrições coevas. Os seus primeiros trabalhos conhecidos foram desenvolvidos em Castela, onde se destacou como cantor e compositor, mas por volta de 1499, Pedro tenta pela primeira vez a sua sorte em terras portuguesas, onde viria trabalhar até 1507, data em que foi convidado a exercer o cargo de Mestre de Capela na Catedral de Sevilha. Contudo, o facto de sentir-se descontente com a sua condição económica faz com que regresse a Portugal a título definitivo por volta de 1521, onde se torna Mestre de Capela na Catedral de Évora, a convite do filho de D. Manuel I, o Infante-Cardeal D. Afonso. Aí, a partir da sede episcopal eborense, Pedro do Porto terá contribuído com o seu trabalho na preparação de toda uma geração de músicos e compositores que haveriam de tornar a cidade de Évora num dos grandes centros da música ocidental.
Infelizmente, por motivos pouco claros, Pedro acabou por abandonar o seu lugar naquela diocese em 1528, tendo sido substituído nas suas funções de Mestre da Capela pelo espanhol Mateus de Aranda. O último registo no qual se faz menção de Pedro do Porto, datado de 1535, dá conta de um homem arruinado pelo álcool, vivendo na mais profunda miséria. 
Terá morrido pouco depois na cidade de Évora, esquecido, um pouco à imagem de Luís Vaz de Camões, que haveria de falecer alguns anos mais tarde, em condições semelhantes... 


Excerto da obra Magnificat do compositor Pedro de Escobar,
também conhecido como Pedro do Porto, numa interpretação do
grupo Segréis de Lisboa.