sábado, 30 de abril de 2011

Património: políticas, intervenções, destinos

A Universidade Portucalense - Infante D. Henrique, juntamente com a Direcção Regional de Cultura do Norte, organiza nos próximos dias 12, 13 e 14 de Maio um simpósio intitulado Património: políticas, intervenções, destinos..., com o objectivo de pensar as relações entre conceptualização, intervenções de reabilitação e gestão do Património. 
Partindo da identidade cultural do Património, este encontro convoca a dimensão ambiental, económica e social que a ela se associam, tendo em vista uma perspectivação da gestão do património através do enfoque do desenvolvimento sustentado.
Contando com um interessante leque de oradores, este oportuno simpósio contará ainda no último dia com uma visita de estudo a três Monumentos afectos à Direcção Regional de Cultura do Norte, nomeadamente, a Igreja do Convento de Vilar de Frades, as Ruínas da Cidade Velha de Santa Luzia, em Viana do Castelo e a Igreja Matriz de Caminha, todos classificados como Monumento Nacional pelo Decreto de 16 de Junho de 1910, documento legal “fundador” da estabilização jurídica do campo do património.
Para mais informações e inscrições, por favor, visite www.uportu.pt/site-scripts/noticia.asp?n=889.

(Clicar no cartaz para ampliar.)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mircea Eliade, Salazar e a Revolução em Portugal

«Grande manifestação popular em homenagem a Salazar. Com alguma dificuldade encontro um lugar na Praça do Comércio, uma hora e meia antes da hora marcada. (...)
Às seis aparece Salazar na varanda. Ruge toda a massa viva a seus pés. Com alguma dificuldade, debruçando-me bastante sobre a balaustrada consigo ver-lhe o perfil. Veste roupa simples, cinzenta, de passeio - e sorri saudando com a mão, comedidamente, sem gestos. Quando ele apareceu, do alto começaram a despejar cestos com pétalas de rosas, cor-de-rosa e amarelas. Observei, mais tarde, enquanto um jovem falava num palco no meio da praça, como Salazar brincava pensativo com algumas pétalas que tinham ficado na balaustrada. Depois vi-o falar. Lia com bastante calor, mas sem qualquer ênfase, levantando de quando em quando os olhos do papel e olhando a multidão. Levantava a mão esquerda, mole, pensativa. Uma voz nunca estridente. E, no fim da leitura, quando a praça o ovacionava, inclinava sorridente a cabeça. Parece que nem sentia a força colectiva esmagadora a seus pés. De qualquer modo não era prisioneiro dela, nem sequer se deixava sugestionar por ela.
»

Capa do recém publicado Salazar e a Revolução
em Portugal
.

Mircea Eliade foi um dos mais conceituados intelectuais do séc. XX, um homem dos mil saberes. Talvez por isso, tanto a obra como a sua própria vida apaixonam tanto os investigadores como os seus admiradores. Apesar de menos controverso do que outras personalidades como Martin Heidegger, Mircea Eliade é ainda hoje frequentemente criticado pela sua proximidade a regimes autoritários durante o período da II Guerra Mundial e aquele que lhe antecedeu. A confessa admiração pelo seu carismático compatriota Corneliu Zelea Codreanu, líder do Movimento Legionário romeno conhecido por Guarda de Ferro, bem como pelo ditador português, António de Oliveira Salazar, valeu-lhe alguns dissabores ao longo da vida. Contudo, o discernimento e superior inteligência do autor de obras como O Mito do Eterno retorno, Aspectos do Mito, Do Sagrado e do Profano ou Tratado da História das Religiões sobrepuseram-se às vozes da censura intelectual.
Chegando a Portugal a 10 de Fevereiro de 1941, Mircea Eliade desempenhava entre nós as funções de adido cultural da embaixada da Roménia em Lisboa. Vindo de Inglaterra, preocupava-lhe o turbilhão em que a Europa mergulhara, em particular a triste sorte da sua pátria, aparentemente abandonada, lá bem longe, às mãos dos que lutavam pelo controlo hegemónico do velho continente. Portugal figurava então, diante dos olhos do autor romeno, como um verdadeiro paraíso. Mais do que um país, mostrava-se um modelo capaz de escapar à II Grande Guerra, conquistando a sua neutralidade, mantendo-se independente nas suas convicções e paradigmas político-culturais, de costas voltadas ao comunismo e à pseudo-democracia dos restantes aliados, repudiando também o excessivo totalitarismo político-servil das forças do eixo.
Este é o Portugal dado a conhecer de forma apaixonante na obra Salazar e a Revolução em Portugal, da autoria de Mircea Eliade, sendo a personagem central António de Oliveira Salazar, último grande estadista português, cujo nascimento hoje celebrámos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Em memória de Vitorino Magalhães Godinho

«Com o 25 de Abril pretendeu-se acima de tudo pôr fim aos longos anos de regime ditatorial e reaccionário, mas também organizar a economia em moldes socialistas e transformar a sociedade, combatendo a desigualdade e dando a todos melhores condições de vida. As ideologias pseudo-revolucionárias, na realidade totalitárias, o choque de movimentos sociais lutando pelo poder e a ausência de uma política coerente levaram a um vendaval de nacionalizações sem plano de conjunto e à distribuição de benefícios, para cobrir custos descontrolados (para tal cobertura não se dispunha de aparelho produtivo eficiente). Daí o refluxo que se traduziu em inconsideradas privatizações e no cercear de garantias sociais no trabalho e na doença. Ficámos com uma sociedade desequilibrada, em que o Estado ainda detém funções sociais sem alicerces económicos, uma economia antiquada com dificuldades em se inserir num mundo que mudou com a terceira revolução tecnológica e novas formas organizacionais.»
Vitorino Magalhães Godinho em Os Problemas de Portugal.

Vitorino Magalhães Godinho (Lisboa, 09-06-1918 — Lisboa, 26-04-2011).

Homem de fortes convicções, Vitorino Magalhães Godinho soube ser crítico do antes e após 25 de Abril. Apesar de se ter destacado na luta contra o Estado Novo, o reconhecido historiador foi simultaneamente um paladino contra-revolucionário, procurando impedir o domínio pérfido da esquerda no mundo académico, não aceitando jamais a ocultação da verdade histórica e científica, bem como o silenciamento criminoso da elite deposta aquando da revolução.
Natural de Lisboa, Vitorino Magalhães Godinho destacou-se como um dos mais proeminentes historiadores portugueses, sendo elevado ao patamar de outros importantes vultos da historiografia nacional como  Jaime Cortesão, Paulo Merêa ou Damião Peres. Notabilizou-se sobretudo no âmbito da História de Portugal, em  particular no capítulo da Expansão e Descobrimentos Portugueses. Admirador da École des Annales e da História Total, foi um dos principais introdutores das Ciências Sociais em Portugal, gozando a sua fama de particular sucesso em França, onde era extremamente acarinhado pela Academia, contando-se mesmo que sobre ele terá dito o emérito historiador Fernand Braudel: «Não se lhe pode ensinar nada».
Após desenvolver as suas actividades como Professor e Investigador em Portugal e em França,  onde recebeu inúmeras honras e distinções, Vitorino Magalhães Godinho passou ainda fugazmente pela política em 1974, tendo sido por quatro meses ministro da Educação e Cultura do segundo e terceiro governo provisório, investindo também em 1984 as funções de Director da Biblioteca Nacional de Portugal.
A sua verticalidade enquanto nobre cidadão português levou-o a abraçar até ao final da sua vida terrena  causas ligadas à defesa de Portugal e da sua cultura, tendo escrito vários livros de reflexão política, económica e social, tornado-se igualmente num dos principais nomes na luta contra o (des)acordo ortográfico que actualmente decorre no campo dos verdadeiros meios intelectuais portugueses.
Vitorino Magalhães Godinho faleceu ontem, dia 26 de Abril de 2011, com 92 anos, ficando a sua obra  para sempre imortalizada.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Colóquio Internacional: «Nietzsche, Pessoa e Freud»

Realiza-se em Lisboa, durante os próximos dias 3, 4 e 5 de Maio o I Colóquio Internacional de Filosofia, Literatura e Psicanálise, subordinado ao tema «Nietzsche, Pessoa e Freud». Organizado pelo Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Centro de História da Cultura da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, este encontro internacional pretende, partindo dos autores referenciados, com um enfoque principal colocado sobre Fernando Pessoa, estabelecer um diálogo transdisciplinar entre as áreas da Filosofia, Literatura e Psicanálise.
Com uma Comissão Organizadora constituída por Eduardo Lourenço, Paulo Borges, José Martinho, Nuno Ribeiro, Cláudia Souza, António Cardiello, Fernando Ribeiro e Luís Crespo de Andrade, este colóquio decorrerá em três instituições distintas. Assim, durante o primeiro dia as comunicações serão apresentadas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (3 de Maio), passando-se  no dia seguinte para a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (4 de Maio) e por fim para a Fundação Calouste Gulbenkian (5 de Maio).
Para inscrições ou mais informações, por favor, visite http://conferencenietzschepessoafreud.blogspot.com ou escreva para conferencenietzschepessoafreud@hotmail.com.

(Clicar no cartaz para ampliar.)

Programa do Colóquio

3 de Maio - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
(Auditório III)

– Manhã

9:30 - 10:00
– Sessão de Abertura – Entidades Oficiais

10: 30 - 11:45
Moderador: Luís Bernardo
– Paulo Borges (Portugal) – As "Ilhas Afortunadas" em Fernando Pessoa ou de como a intencionalidade limita a consciência
– Markus Gabriel (Alemanha)  – “A temporalidade do inconsciente.”

12:00 - 13:15
Moderador: Nuno Ribeiro
– Leyla Perrone-Moisés (Brasil) – Pessoa e Freud: “translação”  e “sublimação”
– Cláudia Souza (Brasil) – «Todos deveríamos ser Freuds» - Freud e a multiplicidade literária em Pessoa

– Tarde

14:30 - 15:45
Moderador: Paulo Borges
– Nuno Venturinha (Portugal) - O Pensamento Dinâmico em Wittgenstein e Pessoa
– Nuno Ribeiro (Portugal) - Pessoa e a Construção do Estilo Filosófico – os textos filosóficos do espólio pessoano

16:00 - 17:15
Moderador: Selma Calazans
– João Constâncio (Portugal) – O 'Sujeito-Multiplicidade' em Nietzsche e Pessoa
– Vânia Dutra de Azeredo (Brasil) - Entre o silêncio e a palavra: a questão do estilo em Nietzsche

17:30 – 19:45
Moderador: Gonçalo Marcelo
–  Jorge Uribe (Colômbia) – A Demonstração do Indemonstrável (Proving the Unprovable): uma tarefa adiada de Thomas Crosse
- Carlos Silva (Portugal) - Pessoa entre o Despudor da Vontade e o Fingimento da Patologia
–  José Almeida (Portugal) – Nos Domínios do Inconsciente Colectivo – Fernando Pessoa e Carl Gustav Jung
– Carla Gago (Alemanha) – “A Natureza tem só uma escrita...” À sombra de Goethe, à luz da revolução científica.

20:00
– Lançamento do Livro: Olhares Europeus sobre Pessoa (Org. Paulo Borges).  


4 de Maio - Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
(Sala Multiusos 3, edifício ID)

– Manhã

9:00 - 10:15
Moderador: Fernando Ribeiro
– Lélia Parreira-Duarte (Brasil) – «A arte tem valia, porque nos tira de aqui»
– Jerónimo Pizarro (Colômbia) – «Sobre um caso de internamento»

10: 30 - 11:45
Moderador: Antonio Cardiello
– Fabrizio Boscaglia (Itália) – A influência do «espírito árabe» no pensamento de Fernando Pessoa: o entusiasmo da imaginação.
Giangiorgio Pasqualotto (Itália) – "Oltre il soggetto:Pessoa, Nietzsche, il Buddha"

12:00 - 13:15
Moderador: Ismahelson Andrade
Pablo Javier Pérez López (Espanha) – Fernando Pessoa: o autor de Jorge Luis Borges
Julia Alonso Diéguez (Espanha) – Nietzsche y Pessoa: la voluntad de «Poder ser lo que se es»

– Tarde

14:30 - 15:45
Moderador: Paulo Borges
– Antonio Cardiello (Itália) – (Algumas) Origens exógenas da ontologia pessoana
– Alfonso Cariolato (Itália)– L’abissale brusio della superficie: l’esistenza in Pessoa e Nietzsche

16:00 - 17:15
Moderador: Ismahelson Andrade
– Duarte Braga (Portugal) – Entre a “Índia Nova” e o Atlantismo: O Pensamento de Pessoa entre colonialismo Neo-romântico e Horizonte Pós-Colonial
– Bruno Béu de Carvalho (Portugal) – Fernando Pessoa: o presente saudoso e a infinita distância

17:30 – 19:45
Moderador: António Cardiello
– Daniel Duarte (Portugal) – Pontos de vista nietzschianos sobre a apreciação pessoana do «Freudismo».
– Luís Filipe Teixeira (Portugal) – Pessoa/Mora/Nietzsche: Em defesa do Eterno Retorno/Regresso dos Deuses ou o Filósofo como «Médico da Cultura» 
- Raquel Nobre Guerra (Portugal) – Surrealidade mística em Álvaro de Campos - transcendência, absoluto e subitaneidade
- Rui Lopo (Portugal) - Presenças do Budismo na Obra em Prosa de Fernando Pessoa

20:00
– Lançamento da revista: Cultura ENTRE Culturas


5 de Maio - Fundação Calouste Gulbenkian
(Auditório II)

– Manhã

9:00 - 10:15
Moderador: Selma Calazans
– José Martinho (Portugal) – O nó das personalidades múltiplas
– Filipe Pereirinha (Portugal) – Uma época singular, à luz de Freud e Pessoa

10: 30 - 11:45
Moderador : Paulo Borges
–  Ciprian Valcan (Roménia) – Le cas Nietzsche : folie ou simulation ?
– Teresa Oñate (Espanha) – “Tocados por el rayo del lenguaje divino: F. Nietzsche Y F. Pessoa”

12:00 - 13:15
Moderador: Nuno Ribeiro
– Fernando Ribeiro (Portugal) – «Do Sonho em Pessoa ao Sonho de Pessoa»
– Paulo de Medeiros (Holanda) – Pessoa and Women 

– Tarde

14:30 - 15:15
Moderador: Cláudia Souza
Audemaro Taranto (Brasil) – “O livro Mensagem de Pessoa: uma obra que avançou no tempo”
– Teresa Rita Lopes  (Portugal) – Pessoa e Nietzsche: “Religião individual”-Metafísica recreativa.

15:30 – 16:15
Moderador: Paulo Borges
– Conferência de Encerramento – Eduardo Lourenço (Portugal)

16:30
      Moderador: João Luís Lisboa
Mesa Redonda de Escritores – “O processo criativo”:

   *
Nuno Júdice (Portugal)
   * Miguel Real (Portugal)
   *
Ismahelson Andrade (Brasil)
   *
Teresa Rita Lopes (Portugal)  
   *
João Pereira de Matos (Portugal)  
   *
António Cândido Franco (Portugal)

17:30
Mesa de apresentação de Livros – BABEL
O Teatro da Vacuidade ou a impossibilidade de ser eu – Paulo Borges
Fernando Pessoa e Nietzsche: O pensamento da pluralidade Nuno Ribeiro

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aqui não há ode à traição!

Movimento das Cabeças... armadas (em parvas)

O major na manjedoura
Vai chuchando caramelos
Por trás dele, em lugar d'honra,
Dois retratos paralelos:
- O do Cristovão de Moura
E do Miguel Vasconcelos.

(Melhor nos fora, melhor,
Que ao democrata-major
O bombom fosse indigesto.
- Talvez, então, o major
Desse o corpo-ao-manifesto...)

Mas, degustando o primeiro
Chupa-chupa,
Já o chalupa do major é brigadeiro,
E upa! Upa!

Promoções em espiral
Ascensional:
- À garupa, os galões
De general!

Poema retirado da Antologia Poética de Rodrigo Emílio.

Versão musicada por José Campos e Sousa.

domingo, 24 de abril de 2011

Cristo Ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Credo in Deum, Patrem omnipotentem
creatorem caeli et terrae;
et in Jesum Christum, Filium eius unicum, Dominum nostrum,
qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria Vergine,
passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus et sepultus:
descendit ad inferos: tertia die resurrexit a mortuis:
ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis:
inde venturus est iudicare vivos et mortuos.
Credo in Spiritum Sanctum,
sanctam ecclesiam catholicam,
sanctorum communionem, remissionem peccatorum,
carnis resurrectionem, vitam aeternam.
Amen
Cristo Ressuscitado de Álvaro Pires de Évora. Pintura
a têmpera sobre madeira datada de c. 1430. Obra do
espólio do Szépművészeti Múzeum em Budapeste.

sábado, 23 de abril de 2011

Chegou o 2.º número da revista Finis Mundi

Foi já tornada publica a capa e o índice do segundo número da revista de cultura e pensamento Finis Mundi. Depois do sucesso editorial alcançado no seu primeiro lançamento, eis que se encontra disponível o novo número desta publicação que se propõe constituir uma alternativa à divulgação da cultura nacional, de uma forma séria e isenta.
Para adquirir a Finis Mundi ou obter mais informações sobre esta publicação trimestral, basta contactar a editora Antagonista, responsável por este projecto. Em breve serão ainda divulgadas algumas datas de sessões de apresentação do novo número em Portugal continental.

Capa do segundo número da revista Finis Mundi.

Lista de conteúdos e colaboradores

A ÚLTIMA CULTURA:
À Espera do Fim do Mundo, René Guénon e o Kali Yuga
- Richard Smoley
Inverno demográfico
- Manuel Brás

HISTÓRIA:
A formação da elite política de Cabo Verde
- António Marques Bessa
Fala, memória
- Daniel Estulin
Os primeiros povoadores portugueses dos Açores, seus nomes e seus
lugares de nascimento
- Carlos Melo Bento
As Regiões Autónomas no quadro do Estado Democrático Português:
concepção, atribuições e órgãos de governo próprio
- Teresa Ruel

D. SEBASTIÃO - O ELMO DESEJADO:
Do elmo como pórtico
- Álvaro Fernandes
Conversas à volta do elmo
- Flávio Gonçalves
Ajudar D. Sebastião
- Rainer Daehnhardt

RESENHA:
“Salazar, a construção do mito”
- Daniel Nunes Mateus
“Day of the dead”, O dia mais negro da humanidade
- Rui Baptista

ENSAIO:
Um balanço da cultura soixante-huitard a quarenta anos de
distância (II de II)
- Alexandre Franco de Sá
A vivência espiritual portuguesa: estigma histórico-cultural
(II de II)
- Sónia Pedro Sebastião

ACTUALIDADE:
Família, pilar da sociedade
- João Pedro Cordeiro
Intelectuais e factuais
- Henrique Salles da Fonseca
Carta a Fernando Nobre
- Renato Epifânio
Que democracia é esta?
- Pedro Quartin Graça

BIBLIOGRAFIA:
Mário Saa revisitado
- Mário Casa Nova Martins
Salazar, Sobre um livro esquecido durante quarenta anos, a
propósito de um livro recém-publicado
- Jorge Morais

MUNDO:
Um instrumento internacional sem políticas de Estado
- Alberto Buela
A alienação da moeda e a degradação do Estado como agente
económico
- Luís Tavares do Couto
A NATO e a guerra pelo ópio no Afeganistão
- Basílio Martins
Índia ou Índias? – Sua(s) Imagem(ns) no Ocidente
- Célia Belim
A crise europeia, criada pela Alemanha
- Heiner Flassbeck

CULTURA:
A Gaita-de-Foles e a música popular portuguesa
- João Franco
O inominável na sociedade da informação
- José António Miranda Moreira de Almeida
Encontro Nacional Evoliano
- Dídimo George

MITOLOGIA & TRADIÇÃO:
Uma Certa Anatomia da Melancolia: Luís Vaz de Camões
à Luz de Saturno

- Júlio Mendes Rodrigo
Para uma criação terminal
- Álvaro de Sousa Holstein
Globalização, Estratégia Nacional e Mitologia Portuguesa.
Uma Leitura Introdutória
- Sandra Maria Rodrigues Balão

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-Feira Santa

Ó Jesus! Do teu sangue, inocente e sem pecado,
por pagares o que havias prometido,
por nossa salvação fizeste um banho
em que se banhou e lavou
todo o mundo que era mesquinho.

E pelo teu sangue ele foi livrado.
Oh que tão grande mal, tanto bem aventurado,
pelo qual a minha guerra de todo foi finda.

Mestre André Dias (séc. XV).

Cordeiro Pascal (Agnus Dei) de Josefa de Óbidos (c.1670).

quinta-feira, 21 de abril de 2011

'Não há ronha que envergonhe o FMI'

«Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, VIM na cozinha, VIM na casa-de-banho, VIM no Politeama, VIM no Águia D'ouro, VIM em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te arrulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandhi, olha o Moshe Dayan que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?»
Excerto da canção FMI de José Mário Branco.

Escrito em 1979 por José Mário Branco, o texto FMI continua assustadoramente actual, deixando perceber que, 32 anos passados, praticamente nada mudou na chamada democracia portuguesa, ou na nossa consciência cívica e política. Divididos pelo aparelho partidário imposto após o 25 de Abril de 1974, entregues aos vampiros da Europa de Bruxelas, subjugados aos interesses da banca e multinacionais, o Povo Português aparenta ter perdido o Norte num mundo mergulhado no caos da corrupção, oportunismo e especulação económica do capitalismo desenfreado.
Por seu lado, até os traidores de Abril, paladinos dos interesseiros, mercenários que vieram a constituir a nossa "elite-bovina-política", aparentam sentir um peso na consciência. Otelo Saraiva de Carvalho que, recentemente demonstrou arrependimento pelo seu envolvimento no golpe de estado de 1974, admitiu hoje ao Jornal de Negócios que «precisávamos de um homem com a inteligência de Salazar». Contudo, o medo da ditadura providencialista  do Estado Novo levou o traidor Otelo a sublinhar a necessidade de um "Salazar Marxista". Esperará, provavelmente, um D. Sebastião de foice e martelo...

Portugueses, nem capitalismo, nem marxismo! Temos tudo quando temos Portugal! 

FMI de José Mario Branco.

sábado, 16 de abril de 2011

Cinema e Cinemas do Porto: o caso da Invicta Film

«Estávamos em Janeiro de 1913, no dia 16, um dia de Inverno rigoroso, e o 'Veronese' lutava contra as ondas na costa de Matosinhos. A forte agitação do mar e a força do vento empurravam o navio contra os penhascos da Praia da Boa Nova. Em terra iniciavam-se esforços para tentar salvar os passageiros e uma multidão curiosa e aterrada pela antevisão da tragédia ia-se acumulando na praia. Pertencente à companhia Lampord Holt Line, representada em Portugal pela firma Garland Laidiey, Lda., o 'Veronese' vinha de Liverpool, tinha feito escala em Vigo, onde embarcaram 100 passageiros, espanhóis, ingleses e alemães e ainda quatro portugueses. Quase todos eles tinham como destino portos do continente americano, nomeadamente do Brasil, Argentina e Venezuela. Ao tentar entrar em Leixões, o mau tempo e, sobretudo, a má iluminação daquele pedaço de costa portuguesa, conhecida no meio marítimo como a "dark land", levaram o barco contra os rochedos.»
Excerto de uma notícia publicada no Jornal da Região - Matosinhos.
Fotografia tirada em 1913 junto da ermida da Boa Nova, em Leça da Palmeira, aquando
do naufrágio do Varonese.
Acontecimento marcante para o concelho de Matosinhos, em particular na freguesia de Leça da Palmeira onde decorreu o acidente,  o naufrágio do Varonese fez história ao tornar-se num dos primeiros casos, senão o primeiro caso de um salvamento registado pelas câmaras de cinema. A transmissão das filmagens captadas pela histórica companhia cinematográfica portuense Invicta Film não foram naturalmente transmitidas em directo, dada essa impossibilidade técnica, ainda exclusiva da imaginação dos arautos da ficção científica, contudo, a sua reprodução haveria de conquistar as salas de cinema internacionais, rendidas ao pioneirismo daquelas imagens em movimento, representando um marco da história do cinema e um verdadeiro sucesso em termos de interesse e procura por parte de um público fiel à nova arte emergente.
Fundada em 1910 pelo produtor Alfredo Nunes de Matos, a Invicta Film constituiu mais um dos desconhecidos ou ignorados casos do pioneirismo português. Tendo iniciado as suas actividades através da produção de documentários de propaganda comercial, industrial e de actualidades várias, esta produtora cedo se associou àqueles que viriam a tornar-se os anos de ouro do cinema português, produzindo vários filmes de ficção, entre eles as adaptações cinematográficas de obras clássicas da literatura portuguesa, como é o caso de Os Fidalgos da Casa Mourisca, Amor de Perdição, O Primo Basílio, entre inúmeros outros.

Cartaz com várias produções da Invicta Film.

Tendo como objectivo a preservação da memória histórica desta importante produtora nacional, decorrerá esta tarde, pelas 17h, no auditório da FNAC do MAR Shopping, em Leça da Palmeira, uma apresentação a cargo de João Paulo Lopes, do Departamento Municipal de Arquivos da Câmara Municipal do Porto, subordinada à temática Cinema e Cinemas do Porto. Nesta comunicação serão abordados os primórdios da actividade cinematográfica portuense, com particular destaque o legado da Invicta Film.
A entrada é livre.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Filosofia e Literatura n'A Águia e na Renascença Portuguesa

«Revista de literatura, arte, ciência, filosofia e crítica social que se publicou no nosso país entre 1910 e 1932. A Águia foi o seu nome, revelador simultâneo de uma aspiração, a de quem sonha com o céu, e de uma condição, a daquele que vê mais porque voa, e voa mais alto. (...)
Geração inquieta, a que lhe deu substância, geração pensante e criadora, geração de passagem de um século a outro, de um regime para outro.
Instalada a República em 1910, foi ela bem acolhida por numerosos intelectuais, que a encararam como o despertar da Pátria Portuguesa do longo sono que a tinha arrastado por séculos de decadência.
Porém, cedo se torna evidente para esses intelectuais a premência de uma intervenção, já não política, mas pedagógica, que viabilize o desejado ressurgir da Pátria Portuguesa.
»
Marieta Dá Mesquita em A Águia.

(Clicar no cartaz para ampliar.)

Integrado no ciclo de conferências subordinado à temática A Águia & a República - 100 anos depois, iniciado no passado dia 1 de Abril na Biblioteca Pública Municipal do Porto, tomará lugar amanhã, dia 14 de Abril, pelas 17:30, na sala 201 da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), uma comunicação do profícuo investigador e pensador Pinharanda Gomes intitulada Filosofia e Literatura n'A Águia e na Renascença Portuguesa
Promovido pelo Grupo de Investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e Cultura em Portugal do Instituto de Filosofia da FLUP, este evento contará ainda com as intervenções de Celeste Natário e Renato Epifânio. A entrada é livre.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Instituto Gulbenkian de Ciência entre os 10 melhores do mundo

Criado em 1961 pela Fundação Calouste Gulbenkian e localizado no concelho Oeiras, o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC),  integrou pelo segundo ano consecutivo a lista dos 10 melhores lugares para os doutorados da áreas de ciências prosseguirem o desenvolvimento dos seus projectos de investigação. Estes resultados nascem de um inquérito anual, promovido pela revista internacional The Scientist, sendo que a instituição portuguesa figura entre as únicas três que conseguiram renovar o seu lugar nesta lista face aos mesmos resultados do ano transacto.
Vocacionado para a investigação na área da Biologia com aplicações na área da Medicina, este instituto especializou-se nas áreas da Genética Humana e Populacional, Neurociências, Biologia do Desenvolvimento, Imunologia e Evolução, representando a sua integração neste ranking internacional um motivo de orgulho para a Ciência e Educação em Portugal, promovendo um exemplo assaz positivo, a seguir por outros dos  nossos centros de investigação.

(Clicar na imagem para ampliar.)

sábado, 2 de abril de 2011

Contamos consigo para travar o novo (des)acordo ortográfico!


A Nova Casa Portuguesa cumpre uma vez mais o dever patriótico de apelar à luta pela defesa da nossa Língua Mãe, atacada e vampirizada por simiescos agiotas mercenários, interessados em vender a nossa matriz cultural e linguística  através de um abjecto e obscuro (des)acordo ortográfico.
Como devem ter reparado, através de grande parte dos nossos meios de comunicação, o novo (des)acordo ortográfico está gradualmente a contaminar toda a nossa esfera social, incluindo os domínios do próprio espaço público. Sendo certo que as crianças ao entrarem para a escola a partir do ano lectivo 2011-2012 serão ensinadas segundo as novas regras, algo de urgente se impõe, ou seja, travar toda esta loucura  colectiva e suicida.
Uma das soluções encontradas para reverter esta situação e restaurar a integridade da Língua Portuguesa, livrando-a da contaminação tropical e sua consequente degeneração, passa pela realização de uma ILC (Iniciativa Legislativa de Cidadãos). Aos que andam desiludidos com o sistema político nacional, tendo há muito deixado de exercer o direito de voto, eis uma oportunidade soberana de voltar a dar uso ao cartão de eleitor. Assim, gostaríamos de chamar a vossa atenção para um grupo de cidadãos que iniciou um movimento cívico e patriótico, na verdadeira acepção da palavra, visando a angariação das assinaturas necessárias para colocarmos de novo a decisão sobre esta questão nas mãos dos que amam verdadeiramente a nobre língua de Camões. 
Para um rápido acesso às instruções relativas ao funcionamento deste processo, visite www.portuguespt.com. Aí encontrará de forma célere e sintetizada toda a informação necessária, podendo também descarregar os impressos destinados a reunir as assinaturas. Para um maior aprofundamento sobre esta iniciativa consulte a página oficial deste movimento em http://ilcao.cedilha.net.

Ainda é possível travar este culturicídio!
Por favor,
participe, colabore e passe a palavra!
A Cultura e a Língua Portuguesa agradecem!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

'HEX', ilustrações de André Coelho

«Que susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro.
»
Mário Cesariny, em Pena Capital.


Estará patente entre 9 de Abril e 9 de Junho, no Estúdio JS, em Nisa, uma exposição de ilustrações do poliartista André Coelho. Natural de Vila Nova de Gaia, há muito que este jovem criador português tem vindo a deixar uma marca no seio da cultura off-off nacional. Da música à ilustração, passando pelo design e promoção ou divulgação cultural não conforme, tem conseguido destacar-se em todas as áreas de expressão artística, não impedindo porém que, por vezes, a receptividade de parte do seu trabalho seja maior no estrangeiro do que entre nós, nomeadamente ao nível da produção musical.
'HEX' fará uma breve retrospectiva do seu trabalho mais recente enquanto ilustrador, estando a inauguração agendada para as 17h do próximo Sábado, dia 9 de Abril.
Para conhecer um pouco mais os trabalhos de André Coelho, convidamos a visitar o seu blog em  http://homemdopacote.wordpress.com.