domingo, 30 de novembro de 2014

Velhas polémicas entre terras de Portugal e de Espanha

Tomamos recentemente conhecimento que no seio de uma organização político-identitária espanhola sediada na Catalunha, um membro mais velho, provavelmente, ainda saudoso do espírito falangista, terá afirmado que os identitários portugueses quereriam ser espanhóis. Facto que não deixa de ser irónico, dado que estamos nas vésperas de mais um 1.º de Dezembro, ou seja, data em que os portugueses celebram a Restauração de 1640.
Sentindo-nos afrontados com tamanha mentira, prontamente nos organizarmos no sentido de repudiar tais indecorosas e falsas afirmações. Porém, tal reacção que seria, com certeza, bastante violenta, acabou por ser antecipada por outra pessoa, oriunda do outro lado da fronteira. Alguém dotado de uma visão e sensibilidade superior. Vale a pena lermos as suas palavras com o coração e a alma abertos, pois sabemos de antemão o quanto são verdadeiras e sentidas as seguintes palavras da nossa amiga e camarada Anna Foix:
«Cada vez que oigo a alguien decir "los portugueses, quieren o deben ser españoles" se me revuelve el Alma. ¿Qué narices se han creido algunos para alegar en nombre de la voluntad de tantísimos portugueses? Esa soberbia y esos aires de grandilocuencia, solo tienen un nombre: Complejos. Portugal es una tierra bellísima, que nada tiene que envidiarle a nadie. Una tierra llena de tradición y lugares preciosos dónde perderse. ¡Estoy cansada de que la gente sin conocimiento de causa, se crea con derecho a decidir que es mejor por otros! Grande Portugal, ¡Qué bello eres! Nunca una tierra bebío de una tradición tan hermosa. Portugal, es y será de los portugueses. Que nadie le quepa la menor duda, pues el tamaño de su país no have justicia a la de su corazón. Eu te amo, Portugal!»

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Engenheiro José Sousa Veloso (1926-2014)

Engenheiro Sousa Veloso, o rosto do programa TV Rural.

Portugal veste-se de luto. Faleceu hoje, em Lisboa, José Sousa Veloso, engenheiro agrónomo e apresentador do programa de televisão TV Rural. Tinha 88 anos. 
As várias gerações que cresceram acompanhadas pelo seu sorriso aperceberam-se rapidamente da importância dos seus programas, aprendendo a admirar e respeitar aquele que foi o primeiro apresentador português de televisão a citar os técnicos com quem tinha trabalhado, no final de cada reportagem. Excelente comunicador, sempre educado e sorridente, ensinou-nos a valorizar as gentes do campo, a amar a terra e a glorificar o seu trabalho. O programa que apresentava foi um caso raro de longevidade televisiva, tendo sido transmitido entre 1960 e 1990, representando um dos melhores exemplos de serviço público alguma vez levado a cabo pela televisão portuguesa.
A sua partida deixará saudade! Paz à sua alma!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Conferência de Carlos Dugos sobre Lima de Freitas, o 515 de Dante e a Geometria Sagrada

«Sobre o pórtico do convento de Tomar, coração do templarismo lusitano, podemos ler uma inscrição que se interpreta, de uma maneira geral, como a assinatura do mestre construtor (João de Castilho) e a data da obra, 1515; vemos de forma clara, separadas do resto, os três números 515.»
Lima de Freitas em Porto do Graal.

(Clicar na imagem para ampliar.)

Indiscutivelmente, Lima de Freitas foi uma das figuras mais relevantes da arte portuguesa da segunda metade do século XX. Pintor, ilustrador e ensaísta, mergulhou no estudo do esoterismo ocidental e da tradição portuguesa após peregrinar por um conturbado e heterodoxo itinerário. Dotado de um singular talento foi, juntamente com António Quadros, um dos grandes divulgadores da cultura e pensamento portugueses no estrangeiro, em particular em França, tendo estabelecido um importante conjunto de  amizades com alguns dos mais importantes pensadores, artistas e intelectuais da sua época. Marginalizado e esquecido por motivos ligados à "baixa-política" que assola a nossa contemporaneidade, o nome de Lima de Freitas aguarda ainda por um justo reconhecimento que lhe é mais do que devido pela sociedade portuguesa.
Na próxima Sexta-Feira, dia 28 de Novembro, pelas 21:30, na Casa do Fauno, em Sintra, o pintor e ensaísta Carlos Dugos proferirá uma conferência intitulada Geometria Sagrada: Lima de Freitas e o 515 de Dante, revisitando alguns dos aspectos mais importantes da obra e do pensamento daquele artista português. O custo de inscrição é de apenas 3€. Não percam!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!

Retrato do poeta Guerra Junqueiro.

Canção de Batalha

Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,
Que andaram contemplando a Lua branca e fria...
Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!
Já canta pelo azul sereno a cotovia
E já rasga o arado as terras fumegantes...

Entra-nos pelo peito em borbotões joviais
Este sangue de luz que a madrugada entorna!
Poetas, que somos nós? Ferreiros d'arsenais;
E bater, é bater com alma na bigorna
As estrofes de bronze, as lanças e os punhais.

Acendei a fornalha enorme — a Inspiração.
Dai-lhe lenha — A Verdade, a Justiça, o Direito —
E harmonia e pureza, e febre, e indignação;
E p'ra que a labareda irrompa, abri o peito
E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!

Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!
O poeta é como o Sol: o fogo que ele encerra
É quem espalha a luz nessa amplidão sonora...
Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra!
Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!

Guerra Junqueiro em Poesias Dispersas.

domingo, 23 de novembro de 2014

Dicas sobre como organizar uma mochila para caminhadas

Alguns dos mais belos segredos e mistérios de Portugal escondem-se entre as nossas planícies, vales, montanhas, planaltos e outro recantos. Estes lugares de inenarrável beleza e infinita magia, são passíveis de ser descobertos apenas por quem não teme entregar-se à força do espírito e dos sentidos. 
Actividades como o pedestrianismo ou o trekking proporcionam momentos de encontro entre o Homem e a Natureza, sendo por isso bastante apreciadas pelos que procuram conhecer e viver o verdadeiro Portugal real. Aquele em que conseguimos encontrar as velhas raízes que nos ligam a laços de ancestral encanto. Porém, estas actividades exigem alguns cuidados e o mínimo de preparação para serem realizadas com sucesso e segurança.
O equipamento utilizado é, obviamente, relevante. Contudo, a forma como utilizamos e acomodamos esse mesmo equipamento é igualmente importante. Por esse motivo, pensando naqueles nossos amigos e leitores que tanto gostam destas caminhadas, achamos interessante partilhar o seguinte vídeo produzido pela agência Nomad - Evasão e Expedições, no qual Tiago Costa apresenta alguns conselhos básicos, mas não menos importantes, acerca da melhor forma de preparar e organizar uma mochila para estas incursões.
De sublinhar ainda o local onde este vídeo foi filmado, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, um dos mais belos santuários naturais do Norte de Portugal. A visitar!

Tiago Costa, guia de trekking, apresenta algumas dicas sobre como 
organizar uma mochila para as actividades de caminhada.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ciclo Foz Literária (2014-2015)

A Foz, em particular a chamada Foz Velha, representa uma das zonas mais pitorescas da cidade do Porto. Mantendo bem enraizada uma identidade que anima o espírito das gentes locais, trata-se de um espaço bastante privilegiado quanto à beleza da envolvente natural em que se insere, dominada pela vista sobre a Foz do Douro. Aquele lugar de invulgar magia onde as águas do rio morrem na imensidão do oceano. Contudo, para lá da beleza natural, do maravilhoso serpentear da malha urbana ou da força das relações humanas e respectivas tradições que daí advêm, uma outra Foz emerge entre os misteriosos nevoeiros que ali abundam durante as húmidas madrugadas. Trata-se de uma Foz literária, nascida do génio e da criatividade dos escritores e poetas que ali viveram e por ali passaram, deixando-se encantar pelo romantismo da arquitectura e o espírito daquelas gentes.
De modo a evocar e celebrar esse lado literário-cultural da Foz, a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde organizam entre Novembro de 2014 e Março de 2015 um ciclo de conferências, no qual várias personalidades irão partilhar diferentes olhares sobre esse outro lado da Foz do Douro. 
A primeira sessão terá lugar já amanhã, pelas 18:30, no Forte de S. João Baptista, com uma intervenção do incontornável José Valle de Figueiredo.
Todas as sessões são de entrada livre. A não perder!

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Acção judicial popular contra o (des)acordo ortográfico

«É um desastre linguístico, porque foi feito de uma forma inepta. É um desastre jurídico, porque ninguém tem a certeza se está em vigor. É um desastre político, porque cede a interesses espúrios. É um desastre intelectual, porque não é, muito simplesmente, eficaz. E é um desastre do ponto de vista geral, porque consiste em legislar sobre uma coisa que não tolera legislação.»
 Miguel Tamen acerca do (des)acordo ortográfico numa entrevista ao Jornal i.


A resistência e o combate contra a imposição ilegal do (des)acordo ortográfico de 1990 mantêm-se vivos e bastante afoitos no seio da nossa sociedade civil. Uma realidade que, infelizmente, contrasta com o criminoso silêncio a que se remeteram grande parte dos professores portugueses, incluindo os universitários, exceptuando algumas honrosas excepções.
O mais recente acto de contestação, levado a cabo por um grupo de cidadãos conscientes e preocupados com o futuro da Língua Portuguesa, tomou a forma de uma acção judicial popular. Subscrita por várias figuras públicas nacionais, oriundas de várias áreas e quadrantes ideológicos, ela inclui nomes como Manuel Alegre, Diogo Freitas do Amaral, António Arnaut, António Bagão Félix e Isabel Pires de Lima, José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares, António Victorino d’Almeida, João Braga, Pedro Abrunhosa, Pedro Barroso ou Rão Kyao, Joaquim Pessoa, Teolinda Gersão, Lídia Franco, Miguel Tamen, Raul Miguel Rosado Fernandes, Vítor Aguiar e Silva, entre muitos outros.
Conforme pudemos ler na edição online do Público do passado dia 14 de Novembro, esta acção judicial foi patrocinada por Francisco Rodrigues Rocha, docente da Faculdade de Direito da Universidade Lisboa, sendo a respectiva fundamentação preparada a partir de pareceres jurídicos de Ivo Miguel Barroso, docente da mesma faculdade, e do filólogo Fernando Paulo Baptista.
As pessoas interessadas em participar nesta acção judicial conjunta encontram-se desde já convidadas a juntar-se à mesma, sendo que a data limite para o envio do requerimento de adesão termina já no próximo mês. Os documentos deverão chegar ao Supremo Tribunal Administrativo, em carta registada, até ao dia 18 Dezembro.
Para aceder ao modelo do requerimento de adesão, ou para obter mais informações sobre esta acção judicial popular, por favor, visite as seguintes ligações: www.facebook.com/events/1536909156556185http://goo.gl/8lyf53. Não nos demitamos das nossas responsabilidades patrióticas! Não voltemos as costas à nossa Cultura! Salvemos a Língua Portuguesa! 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Da Citânia ao Mosteiro, uma caminhada pelas nascentes do Rio Ferreira

No próximo Domingo, dia 16 de Novembro, a associação Sentir Património promove mais uma actividade de pedestrianismo na região do Vale do Sousa. Desta feita, a sugestão passa por uma viagem no tempo - entre a Idade do Ferro e a Idade Média -, tendo as nascentes do Rio Ferreira como um fundo natural a contemplar. Durante este percurso o Professor Armando Coelho conduzirá ainda uma visita ao Museu de Arqueologia de Sanfins de Ferreira.
O custo de participação é de apenas 5€, sendo possível juntar a esta actividade um almoço por apenas mais 5€. O valor de inscrição inclui já o seguro pessoal, transporte de regresso ao ponto de partida e apoio alimentar durante a caminhada. As inscrições deverão ser feitas, preferencialmente, através do formulário disponível em http://goo.gl/8DTaz3

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domingo, 9 de novembro de 2014

Danças portuguesas segundo Mário Costa (2.ª parte)

O artista português Mário Costa distinguiu-se enquanto ilustrador e publicitário a partir das décadas de 1930 e 1940. Os seus trabalhos constituem em muitos casos verdadeiros marcos da propaganda e publicidade feita em Portugal. A ele se devem, por exemplo, os famosos cartazes do Estado Novo relativos às campanhas do trigo e do vinho que, ainda hoje, povoam o nosso imaginário. 
O seu estilo desenvolveu-se entre o apelo das vanguardas e o fascínio pela tradição. As doze ilustrações que realizou tendo como tema central as danças folclóricas portuguesas são, provavelmente, um dos conjuntos mais marcados por uma certa tradição pré-modernista. Não obstante, parece-nos notório que o autor não se terá conseguido desenvencilhar-se por inteiro da atracção pelas vanguardas do seu tempo.
Na expectativa de podermos estar a contribuir para a recuperação da obra de Mário Costa, retomamos a sua série de ilustrações relativas às danças tradicionais portuguesas, expondo as gravuras que aqui ainda não haviam sido publicadas.  

Dança dos Pauliteiros - Trás-os-Montes.

Fandango - Ribatejo.

Moda de Bailar - Baixo Alentejo.

Tirana - Beira Baixa.

Vira - Minho.

Vira da Nazaré - Estremadura.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Guerra Junqueiro e a ideia de Pátria

Nas vésperas do ano em que se celebrarão os centenários dos livros Arte de Ser Português de Teixeira de Pascoaes e O Valor da Raça do António Sardinha, vale a pena debruçarmo-nos sobre a seguinte reflexão acerca da ideia de Pátria - e o amor que lhe devemos -, concretizada por Guerra Junqueiro nas suas Prosas Dispersas:
«A Pátria mais perfeita será a mais local, pelo amor à gleba, e a mais universal, pelo amor ao mundo.
O Meu amor à Pátria começa nas amizades do meu corpo ao ar que respiro, à água que bebo, ao pão que me alimenta, ao fruto que desejo, à flor que me embalsama, à luz que me deslumbra. Depois, vem o amor à minha casa, desde os avós aos netos, dos berços aos sepulcros. Depois, o amor à minha aldeia, - choupanas e cavadores, a igreja de Deus ao centro e o cemitério ao lado. Depois do amor à província, à região, à Pátria toda, - aos mortos, aos vivos e aos vindouros.
»
Guerra Junqueiro (1859-1923).

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Entre António José de Brito e Slavoj Žižek

Cada vez mais se tem falado na importância e pertinência do valor da intransigência enquanto condição fundamental para uma sobrevivência honrada na sociedade contemporânea. Democratas, liberais, marxistas e pós-marxistas procuram justificar estas suas aparentes novas posições com leituras dedicadas a autores como o filósofo-pop e pós-marxista Slavoj Žižek. Desta maneira, impõe-se a defesa do legado do Professor António José de Brito que, há trinta e nove anos, num momento bastante negro e sensível da nossa História, numa altura muito pouco dada a galanteios face às formas de pensamento totalitárias, corajosamente, do ponto de vista físico e intelectual, fez publicar uma obra fundamental sobre este tema, mas intencionalmente esquecida e abafada pelos interesses então estabelecidos. Referimo-nos, claro está, aos Diálogos de Doutrina Anti-Democrática.
É curioso constatar que em Portugal certos postulados apenas passem a ser considerados universais após receberem o timbre de pensadores estrangeiros de matriz internacionalista. Mais do que um simples acto de má-fé, este parece-me um claro exemplo de ignorância sectária: Reds don’t read!

À esquerda o pensador esloveno Slavoj Žižek, à direita o filósofo português António José de Brito.