segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Feira do livro subordinada à temática da Guerra do Ultramar

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O Museu Militar do Porto e a Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto organizam de 22 de Fevereiro a 06 de Março, com o apoio da Direcção de História e Cultura Militar, uma feira do livro subordinada à temática da Guerra do Ultramar.
A sessão de abertura deste evento decorrerá amanhã, pelas 15:00, nas instalações do Museu Militar do Porto, contando com as seguintes intervenções:
- Palestra introdutória alusiva à temática do evento, proferida pelo Coronel David Martelo;
- Apresentação da obra Os Anos da Guerra Colonial por um dos seus autores, o Coronel Aniceto Afonso;
- Apresentação da obra A Última Missão pelo seu autor, o Coronel José de Moura Calheiros.
No final desta sessão de abertura será servido um Porto de Honra a todos os presentes.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O bestiário do livro do Apocalipse do Lorvão

«Naturalmente que, ao longo de toda a história, os emblemas, os símbolos, tiveram, e continuam a ter, uma importância e uma força impressionantes, aos mais diversos níveis da vida dos homens e da sociedade, podendo mesmo considerar-se como formas que as mais diversas ortodoxias foram e vão usando sobretudo como meios de poder.
Os livros são, na Idade Média, o meio por excelência do saber. Daí a importância das livrarias e bibliotecas, numa ciência que é antes de mais de base livresca e onde é notória a estreita ligação entre o o saber e o poder. As mais importantes livrarias situam-se nas três bibliotecas dos mosteiros de Lorvão, Santa Maria de Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra. De modo geral, o acto de leitura na Idade Média era entendido quase como um acto litúrgico, eivado de um sentimento de grande intimidade entre o leitor e o livro.
»
Maria Celeste Natário em Itinerários do Pensamento Filosófico Português.

Um dos mais belos tesouros do Portugal medievo é o livro do Apocalipse do Lorvão, assim chamado dada, a sua proveniência, a biblioteca do mosteiro de S. Mamede do Lorvão. Conservada hoje no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para onde foi levada por Alexandre Herculano, ela representa uma das principais e mais antigas obras medievais portuguesas que sobreviveram até aos nossos dias.
Datado de meados do século XII, o Apocalipse do Lorvão assume-se com a magnus opus do Portugal românico, percebendo-se ainda algumas influências artísticas de natureza moçárabes. As suas iluminuras,  realçadas pelas suas três cores vivas, o vermelho, laranja, e amarelo, conjugadas com o branco que surge como uma quarta cor, moldam e acentuam o impacto visual do texto de S. João, marcado pelas suas visões apocalípticas.
Um dos mais interessantes olhares sobre o Apocalipse do Lorvão passa pela análise do seu bestiário. As bestas que povoam o imaginário das suas iluminuras reflectem mais do que a mensagem bíblica, transmitida por S. João. Elas ilustram o imaginário fantástico do homem medieval, dando a conhecer alguns dos seus maiores medos. Resolvemos por isso seleccionar algumas das iluminuras que constituem o chamado bestiário de Lorvão, publicando-as aqui de forma a dar a conhecer um pouco melhor a mundividência dos homens que  um dia fundaram Portugal.

A besta da terra.

A besta do mar.

A grande meretriz montada numa besta.

A mulher no sol e o dragão.

A mulher sobre a besta.

A vitória do cordeiro sobre a grande serpente do mal.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Hoscar Awards 2011 e algumas 'italianices' turístico-culturais

No dia em que o jornal Público publicou uma notícia alusiva aos três albergues portugueses, normalmente designados por hostels, premiados com os títulos de melhores do mundo, arrecadados numa cerimónia levada a cabo em Inglaterra, promovida pelo maior site de reservas do mundo para este tipo de alojamento, o Hostelworld, chegou-nos de Itália uma outra notícia, sensacional e inédita, mas que obviamente necessita ainda de uma confirmação por parte de investigadores especializados.
Pois vejam bem que, num catálogo promocional de uma agência de viagens italiana, figurava uma oferta de três dias em Lisboa, por apenas 239€ por pessoa, já com viagem e alojamento incluído. Garantindo uma experiência única aos visitantes da capital portuguesa, os italianos realçam na discrição da cidade e dos principais sítios a visitar, duas fantásticas descobertas patrimoniais. Trata-se do belíssimo farol-fortaleza de Belém (até agora conhecido por Baluarte de S. Vicente ou Torre de Belém) e do famoso Padrão dos Descobrimentos que, afinal, descobriram tratar-se de um monumento a Cristóvão Colombo. É ler para crer...

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sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Obra e o Pensamento de António Telmo

«O acabar da história que consistirá em ser bruscamente engolida pelo nada que essencialmente é, vai seguido do Apocalipse, porquanto Apocalipse não significa como o vulgo julga. Significa Revelação. A Revelação que é, seguindo ainda Joaquim de Flora, a do Reino do Espírito Santo somente poderá acontecer fora da história e sem qualquer relação com a história, esse nada de si mesmo que foi como o sonho de um sonho em que não se deu qualquer síntese de comentários, mas sim uma sucessão de posições antitéticas no declive fatal para o abismo.»
António Telmo em Portugal dans la découverte d'au-delà de l'histoire.

Algumas personalidades pecam por deixar-nos demasiado cedo. Mesmo quando o fazem aos 83 anos. Foi o que aconteceu com o distinto pensador português António Telmo, discípulo de Álvaro Ribeiro e de José Marinho, falecido em finais de 2010, após uma vida bastante activa e rica intelectualmente, dedicando-se ao aprofundamento do sentido histórico, sagrado e esotérico da Portugalidade.
Em reconhecimento pelo seu esforço, trabalho e dedicação em prol do desvendamento dos mistérios e quimeras da Lusitanidade e Portugalidade, irá realizar-se nos próximos dias 14 e 15 de Fevereiro, no Palácio da Independência em Lisboa, um colóquio de homenagem a este filosofo, dedicado inteiramente à sua obra e pensamento.  
Promovido pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, este encontro conta com a presença e participação de nomes como Pinharanda Gomes, António Braz Teixeira, Paulo Teixeira Pinto, Paulo Borges, Rui Lopo, Pedro Sinde, entre outros, sendo a entrada livre.

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Programa do Colóquio A Obra e Pensamento de António Telmo

SEG. 14 FEVEREIRO

10h00: Sessão de Abertura
António Braz Teixeira

11h00: Comunicações
Joaquim Domingues - António Telmo: o homem e a obra
Abel de Lacerda - Um olhar de António Telmo na simbólica de Prestes João
Roque Braz de Oliveira - António Telmo e os caminhos da hermenêutica
Carlos Vargas - A ironia em António Telmo

13h00: Intervalo para almoço

14h30: Comunicações
Paulo Teixeira Pinto - Portugal sem segredos
Mário Rui - António Telmo e as Três Tradições do Livro
Manuel Gandra - Linhagem seminal e espiritualidades bastardas - finais de todos os tempos e no contexto lusíada
Luís Paixão - O número 8 na obra de António Telmo

16h30: Intervalo para café

17h00: Comunicações
António Carlos Carvalho - Os nomes de António Telmo
Cynthia Taveira - António Telmo e a inversão dos candelabros
Rui Lopo - Significado e Valor da Filosofia em António Telmo
Pedro Martins - António Telmo e Luís de Camões


TER. 15 FEVEREIRO

11h00: Comunicações
João Cruz Alves - Testemunho sobre um homem novo
António Quadros Ferro - Correspondência entre António Telmo e António Quadros
Elísio Gala - Língua e Pátria
Renato Epifânio - A ideia de Pátria em António Telmo

13h00: Intervalo para almoço

14h30: Comunicações
Carlos Aurélio - Religiosidade e razão poética em António Telmo
Paulo Borges - O último texto de António Telmo: "O acabar da história [...] bruscamente engolida pelo nada que essencialmente é"
António Cândido Franco - António Telmo e o Surrealismo
Rodrigo Sobral Cunha - O viajante

16h30: Intervalo para café

17h00: Testemunhos sobre António Telmo
Manuel Ferreira Patrício
Pedro Sinde
Paulo Santos
Pedro Ribeiro
Pinharanda Gomes

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aos nossos Heróis esquecidos

No dia em que se completaram 50 anos sobre o início das actividades terroristas perpetradas contra Portugal, em particular na antiga província ultramarina de Angola, onde tudo começou, não podíamos deixar de lembrar os mártires vitimados por um mal que hoje um regime ilegítimo nos obriga a idolatrar. Desse modo, sem esquecermos todas as vítimas civis, gostaríamos de homenagear a memória dos nossos heróis que, lutando estoicamente contra terroristas armados e treinados pelas duas principais potências que na altura competiam entre si pela hegemonia mundial, os EUA e a União Soviética, pereceram em defesa da Pátria. Essa Mãe vergada e derrubada, por bastardos humilhada. Os mesmos que após tomarem o país de assalto, nos conduziram, tal como hoje, pelos caminhos da (des)governança, em direcção a uma trágica inexistência do amanhã.
O reprovável comportamento da III República, edificada sobre o insalubre e pantanoso terreno da ilegitimidade, traição e tirania é aqui uma vez mais denunciado, aproveitando-se a ocasião para partilhar a seguinte reportagem da SIC, emitida oportunamente no passado dia 1 de Novembro de 2010, sobre o abandono e esquecimento a que os Heróis Portugueses tombados em Moçambique estão condenados pelos mesmos que os sentenciaram a uma guerra por eles convocada e orquestrada. Dividir para reinar era e é o mote de uma classe política sem classe, semelhante a simiescos mercenários e salteadores de ocasião. O seu silêncio associado a este cómodo esquecimento dos nossos Heróis representa, inequivocamente, uma tentativa de branquear e falsear a história, legitimando o que nunca deixará de ser um levantamento de repugnantes e execráveis vermes parasitários. A memória é parte constituinte da Alma Portuguesa, talvez por isso os verdadeiros saibam distinguir os puros dos degenerados.

Esquecidos, uma reportagem da SIC sobre o cemitério militar português 
abandonado em Mueda, Moçambique.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gratidão e altruísmo, dois valores que perduram...

A newsletter de Fevereiro de 2011 da Fundação Calouste Gulbenkian contém uma notícia no mínimo insólita, pelo menos para os dias que correm. Aparentemente, um antigo bolseiro daquela insigne instituição, que há muito se tornou numa espécie de segundo ministério da Educação e da Cultura, resolveu restituir o valor da bolsa que esta lhe havia concedido, para que outras pessoas, com mérito e necessidade de apoio financeiro, pudessem de igual modo prosseguir os seus sonhos e objectivos.
Apesar do antigo bolseiro ter pedido o anonimato, o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian fez questão de publicar uma nota na sua newsletter, aplaudindo esta nobre conduta, anunciando a canalização dessa verba para outra bolsa de estudo, ou para o financiamento de uma instituição ligada  à área da educação e formação de jovens provenientes de meios mais desfavorecidos. 
Este é resto um gesto de gratidão e altruísmo por parte de alguém que um dia foi ajudado e posteriormente o soube reconhecer e agradecer, não negligenciando essa obrigação, quase moral, de retribuir as graças. Um exemplo que importa partilhar. Bem haja.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quando o Fado é Oração


No próximo Domingo, dia 6 de Fevereiro, pelas 19:30, será interpretada na igreja do Santíssimo Sacramento (junto ao Largo do Carmo em Lisboa) a missa Quando o Fado é Oração, uma composição da autoria do nosso trovador José Campos e Sousa, realizada a partir de textos eucarísticos do rito católico.
Este espectáculo contará com as presenças de Bernardo Couto na guitarra portuguesa, a voz de Filipa Galvão Telles e o próprio José Campos e Sousa na guitarra clássica e voz.
Tendo como finalidade a angariação de fundos para o restauro da igreja do Santíssimo Sacramento, incentivamos todos os interessados a comparecer neste evento, contribuindo assim para esta nobre causa.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

D. Carlos lembrado por Ramalho Ortigão

Em Março de 1908, cerca de um mês após o regicídio do Rei D. Carlos e do seu filho herdeiro, o Príncipe D. Luís Filipe, Ramalho Ortigão fez publicar, com a ajuda do financiamento de um grupo de portugueses residentes no Brasil, um texto intitulado Rei D. Carlos o Martirizado. Neste pequeno desiderato, o ilustre escritor português teceu uma inflamada homenagem à vida e obra do então recém falecido monarca, aproveitando para denunciar as vis movimentações subterrâneas dos grupos terroristas e assassinos que poucos anos mais tarde derrubariam a monarquia, instaurando a república, através de um golpe sangrento e criminoso, responsável por um conjunto de terríveis e nefastos malefícios infligidos a Portugal, apenas minimizados e superados com o advento do Estado Novo.
Entre vários aspectos, Ramalho Ortigão destacou a corajosa visão, sentido patriótico e de Estado com que D. Carlos exerceu as suas funções enquanto monarca. Apesar das duras dificuldades enfrentadas naquela época, D. Carlos conseguiu em certa medida reerguer o prestígio nacional, voltando a sentar Portugal à mesa dos grandes da Europa, sabendo na maioria das vezes tomar as decisões mais acertadas, mesmo quando mal aconselhado.
Uma das passagens mais curiosas de Rei D. Carlos o Martirizado traça um curioso paralelismo entre o monarca português e Louis XVI de França, apontando em ambos os casos, uma decisão política como causa de um trágico desfecho. Contudo, o que o monarca português ganhava em majestade e tenacidade, perdia o francês pela sua inércia e amorfismo. Ambos os monarcas sabiam que apenas uma ditadura poderia salvar a Pátria, mas apenas um teve a coragem de o assumir...  
«Porque morreu na guilhotina Luiz XVI? Temerária pergunta, porque não é licito a ninguém afirmar seguramente o que sucederia no futuro, uma vez alterados os factores que o determinaram no passado. A história, porém, mostrando-nos que o governo de Turgot poderia ter evitado a revolução francesa, permite-nos com alguma plausibilidade dizer: Luiz XVI morreu porque demitiu Turgot, entregando assim a coroa à camarilha, que por seu turno a entregou ao Terror. Contradição flagrante na lógica das coisas: em circunstâncias análogas, Luiz XVI morre por ter tido a fraqueza de demitir Turgot; D. Carlos morre por ter cumprido o arriscado mas patriótico dever de não demitir João Franco.»
Ramalho de Ortigão em Rei D. Carlos o  Martirizado.

Retrato do autor portuense José Duarte Ramalho Ortigão.