Em Março de 1908, cerca de um mês após o regicídio do Rei D. Carlos e do seu filho herdeiro, o Príncipe D. Luís Filipe, Ramalho Ortigão fez publicar, com a ajuda do financiamento de um grupo de portugueses residentes no Brasil, um texto intitulado Rei D. Carlos o Martirizado. Neste pequeno desiderato, o ilustre escritor português teceu uma inflamada homenagem à vida e obra do então recém falecido monarca, aproveitando para denunciar as vis movimentações subterrâneas dos grupos terroristas e assassinos que poucos anos mais tarde derrubariam a monarquia, instaurando a república, através de um golpe sangrento e criminoso, responsável por um conjunto de terríveis e nefastos malefícios infligidos a Portugal, apenas minimizados e superados com o advento do Estado Novo.
Entre vários aspectos, Ramalho Ortigão destacou a corajosa visão, sentido patriótico e de Estado com que D. Carlos exerceu as suas funções enquanto monarca. Apesar das duras dificuldades enfrentadas naquela época, D. Carlos conseguiu em certa medida reerguer o prestígio nacional, voltando a sentar Portugal à mesa dos grandes da Europa, sabendo na maioria das vezes tomar as decisões mais acertadas, mesmo quando mal aconselhado.
Uma das passagens mais curiosas de Rei D. Carlos o Martirizado traça um curioso paralelismo entre o monarca português e Louis XVI de França, apontando em ambos os casos, uma decisão política como causa de um trágico desfecho. Contudo, o que o monarca português ganhava em majestade e tenacidade, perdia o francês pela sua inércia e amorfismo. Ambos os monarcas sabiam que apenas uma ditadura poderia salvar a Pátria, mas apenas um teve a coragem de o assumir...
Entre vários aspectos, Ramalho Ortigão destacou a corajosa visão, sentido patriótico e de Estado com que D. Carlos exerceu as suas funções enquanto monarca. Apesar das duras dificuldades enfrentadas naquela época, D. Carlos conseguiu em certa medida reerguer o prestígio nacional, voltando a sentar Portugal à mesa dos grandes da Europa, sabendo na maioria das vezes tomar as decisões mais acertadas, mesmo quando mal aconselhado.
Uma das passagens mais curiosas de Rei D. Carlos o Martirizado traça um curioso paralelismo entre o monarca português e Louis XVI de França, apontando em ambos os casos, uma decisão política como causa de um trágico desfecho. Contudo, o que o monarca português ganhava em majestade e tenacidade, perdia o francês pela sua inércia e amorfismo. Ambos os monarcas sabiam que apenas uma ditadura poderia salvar a Pátria, mas apenas um teve a coragem de o assumir...
«Porque morreu na guilhotina Luiz XVI? Temerária pergunta, porque não é licito a ninguém afirmar seguramente o que sucederia no futuro, uma vez alterados os factores que o determinaram no passado. A história, porém, mostrando-nos que o governo de Turgot poderia ter evitado a revolução francesa, permite-nos com alguma plausibilidade dizer: Luiz XVI morreu porque demitiu Turgot, entregando assim a coroa à camarilha, que por seu turno a entregou ao Terror. Contradição flagrante na lógica das coisas: em circunstâncias análogas, Luiz XVI morre por ter tido a fraqueza de demitir Turgot; D. Carlos morre por ter cumprido o arriscado mas patriótico dever de não demitir João Franco.»
Ramalho de Ortigão em Rei D. Carlos o Martirizado.
Retrato do autor portuense José Duarte Ramalho Ortigão. |
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