quinta-feira, 31 de março de 2011

Ângelo de Sousa, um artista tão intemporal quanto a sua obra

«A visibilidade expositiva e crítica de obras em 'desacerto' com a década, como as de Ângelo de Sousa, Alberto Carneiro ou Bravo testemunham uma capacidade de entendimento trans-histórico das possibilidades criativas e meios de expressão.»
João Lima Pinharanda em História da Arte Portuguesa - O declínio das vanguardas.

Ângelo de Sousa (1938-2011).

Recebemos ontem a triste notícia do falecimento do artista plástico Ângelo de Sousa. Apesar de ainda ter visto o seu amigo e colaborador de longa data Eduardo Souto de Moura receber o Prémio Pritzke, o artista português acabou por sucumbir vítima de doença prolongada.
Nascido no Moçambique português, na cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, a 2 de Fevereiro de 1938, Ângelo César Cardoso de Sousa formou-se na Escola de Belas-Artes do Porto onde terminou o curso com 20 valores, juntamente com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues. Desse feito nasceria o grupo do Quatro Vintes, que permaneceu activo durante alguns anos até os seus membros terem optado por seguir as suas carreiras individualmente.
A marca deixada pelos quatro magníficos da Escola de Belas-Artes do Porto manifestou-se num admirável legado. Ângelo de Sousa, cedo foi convidado a leccionar naquela instituição, à qual esteve associado entre 1967 e 2000, altura em que se jubilou na qualidade de Professor Catedrático. Escultor, pintor, desenhador e pedagogo português, viu o seu trabalho internacionalizado ainda nos primeiros anos de carreira, tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, do British Council na State School of Art e da Saint Martin's School of Art.
Eterno entusiasta da exploração artística, Ângelo de Sousa ficou conhecido pela forma como abraçada novos estilos e gramáticas plásticas. Associado à corrente minimalista, concentrou parte do seu trabalho no estudo da luz e da cor, rompendo com gostos, regras e preceitos, confrontando a crítica sempre de forma corajosa.
Deixou-nos um importante legado, tendo acompanhado artisticamente as vanguardas ao longo de aproximadamente 50 anos de carreira, preenchidos com vários prémios e galardões, tanto nacionais como internacionais. Para além da memória do homem, ficará imortalizada a sua obra, cuja intemporalidade  a resgatará de alguma vez cair no esquecimento.

Pintura de Ângelo de Sousa, integrante da colecção
Millenium BCP (1965).

Sem título, acrílico sobre tela pertencente à Colecção de
Arte Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho (1983).

Sem nome, acrílico sobre tela pertencente à Colecção de Arte Contemporânea da
Fundação Ilídio Pinho (s.d.).

Trabalho em pastel sobre papel, integrante da colecção da Fundação
Luso-Americana (1969).

1-II-5-G, acrílico sobre tela pertencente à Colecção de Arte Contemporânea da
Fundação Ilídio Pinho (s.d.).

Um Ocre, acrílico sobre tela pertencente à Colecção de Arte
Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho (2006).

Serigrafia assinada, datada e numerada (1997)

Tinta da china sobre papel (2005).

Cá Fora: Arquitectura Desassossegada, um projecto de parceria entre Ângelo
de Sousa e Eduardo Souto de Moura para a Representação Oficial Portuguesa
na 11ª Exposição Internacional de Arquitectura, na Bienal de Veneza (2008).

Escultura em ferro de Ângelo de Sousa, integrada no complexo arquitectónico
Torre do Burgo, da autoria de Eduardo Souto de Moura.

Escultura de Ângelo de Sousa em aço pintado a tinta de esmalte (1966).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Biopolítica, Mass Media e Poder

«O que é fascinante nas prisões é que nelas o poder não se esconde, não se mascara cinicamente, mostra-se como tirania levada aos mais íntimos detalhes, e, ao mesmo tempo, é puro, é inteiramente "justificado", visto que pode inteiramente formular-se no interior de uma moral que serve de adorno ao seu exercício: a sua tirania brutal aparece então como dominação serena do Bem sobre o Mal, da ordem sobre a desordem.»
Michel Foucault em Microfísica do Poder.

(Clicar no cartaz para ampliar.)

A ascensão da sociedade massmediatizada e globalizada levou à ruptura com o mundo tradicional e os seus aspectos mais particulares, conduzindo a um mergulhar nas profundezas de uma nova idade das trevas dominada pela tecnologia semi-divinizada e torpes distopias quase utópicas, de carácter altamente especulativo, ligadas a teorias distorcidas que visam legitimar a anulação das elites legitimadas e sua respectiva hierarquia. O pós-modernismo acompanhou o processo de globalização que consigo trouxe o Caos, onde se enraizou o pós-marxismo, como uma apropriadora criatura camaleónica.
É a partir deste contexto que o investigador Luís Carneiro, membro do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, irá apresentar amanhã, dia 31 de Março, pelas 21:30, na Universidade Popular do Porto, uma comunicação intitulada Biopolítica e dispositivos mediáticos: para uma descrição das relações de poder na contemporaneidade.
Integrada em mais uma Oficina do Pensável, esta  interessante e oportuna conferência, cuja temática a todos diz respeito, terá entrada livre, estando apenas sujeita a inscrição através do seguinte  endereço de correio electrónico: oficinasdopensavel@gmail.com.

terça-feira, 29 de março de 2011

Souto Moura vence o Prémio Pritzke de 2011

O Prémio Pritzke é um galardão anual criado em 1979 e promovido pela The Hyatt Foundation, tendo como objectivo distinguir o melhor arquitecto vivo da actualidade. Tida como a mais alta distinção internacional na área da arquitectura, esta foi a segunda vez que o galardão foi entregue a um português.
Depois de Álvaro de Siza ter recebido o prémio em 1992, a Nova Casa Portuguesa congratula-se agora por poder partilhar uma nova vitória internacional da Arquitectura Portuguesa, alcançada desta feita por Eduardo Souto de Moura. Ex-discípulo do nosso anterior galardoado, Souto de Moura formou-se na Escola Superior de Belas-Artes do Porto em inícios dos anos 1980, inserindo-se na famigerada Escola do Porto, formada por outros nomes de relevo como Alcino Soutinho, Álvaro de Siza, Arménio Losa, Botelho Dias,  Alberto Neves, António Menéres, Fernando Távora ou Viana de Lima.
Do vasto trabalho desenvolvido ao longo de aproximadamente 30 anos de carreira, destacam-se algumas obras como a Casa das Histórias em Cascais, a Casa das Artes no Porto, a Estação de Metro da Trindade, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança, o Hotel do Bom Sucesso em Óbidos, o Mercado da Cidade de Braga, a Marginal de Matosinhos-Sul, o Crematório de Kortrijk (Bélgica), o Pavilhão de Portugal na 11ª Bienal de Arquitectura de Veneza (Itália) ou a Casa Llabia (Espanha), entre outras.    
Ao receber aquele que muitos chamam de Nobel da Arquitectura, Eduardo Souto de Moura contribuiu, uma vez mais, para a promoção do admirável património arquitectónico contemporâneo português, acentuando a sua  crescente valorização por parte da comunidade internacional.

Projecto arquitectónico para o Metro do Porto (1997-2005).

Burgo Empreendimento, Porto (1991-2007).

Casa do Cinema Manoel de Oliveira, Porto (1998-2003).

Estádio Municipal de Braga (2000-2003).

Casa no Bom Jesus do Monte, Braga (1989-1994).

Casa na Serra da Arrábida (1994-2002).

Projecto de interiores para a Pousada de Santa Maria do Bouro, Amares (1996-1997).

Casa das Histórias - Museu Paula Rego, Cascais (2009).

segunda-feira, 28 de março de 2011

Pão comido não significa IVA esquecido!

Como tal, alguém devolveu com charme a tacada do (des)governo relativa aos 6% de IVA para o golfe.
Afinal ainda podemos vislumbrar alguns protestos com classe. Nem tudo está perdido.

Ego Sum Panis Vivus XIX Cavum por ±.

domingo, 27 de março de 2011

Filosofia à solta na Almedina

O Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a livraria Almedina do Arrábida Shopping, organizam entre Março e Junho de 2011, um ciclo de comunicações destinados à promoção e discussão de vários temas filosóficos, numa tentativa de aproximação da academia à sociedade. Destacam-se entre os oradores nomes como José Meirinhos, Paula Cristina Pereira, Tomás Carneiro, Joaquim Escola e Mattia Riccardi que, ao longo de quatro sessões, procurarão suscitar o interesse e participação de todos os presentes. 
Estas sessões têm uma periodicidade mensal, sendo que a primeira terá lugar já na próxima Quinta-Feira, pelas 21:30, estando subordinada à questão da 'Verdade'. A Entrada é livre.    

(Clicar no cartaz para ampliar.)

sábado, 26 de março de 2011

António Quadros 18 anos depois

«Acreditem em Portugal, porque Portugal está no mais fundo de cada um de vós e sem Portugal sereis menos do que sois.» 

(Clicar no convite para ampliar.)

Completou-se no passado dia 21 de Março 18 anos desde o desaparecimento físico de António Quadros. Obreiro e guardião da portugalidade, deixou em todos nós um sentimento de saudade e gratidão pelo seu hercúleo esforço em promover e elevar Portugal no coração de todos nós. Dando a conhecer até os mais particulares e enigmáticos pormenores da nossa cultura, António Quadros afirmou-se como um dos  principais alicerces da cultura lusíada durante a segunda metade to século XX.
Assim, de forma a relembrar esta importante figura da cultura e pensamento português, a Fundação António Quadros oferece hoje, a partir das 15h, no Palácio da Foz, em Lisboa, um programa cultural bastante diversificado, com nomes como José Campos e Sousa, António Braz Teixeira, Guilherme de Oliveira Martins ou Maria Arriaga.
A apresentação deste evento ficará a cargo de Mafalda Ferro, filha de António Quadros e presidente da Fundação António Quadros. Entrada livre.

domingo, 20 de março de 2011

Convite a Marília

Primavera de Bárbara Curralo (1973).
 
Já se afastou de nós o Inverno agreste 
Envolto nos seus húmidos vapores; 
A fértil Primavera, a mãe das flores 
O prado ameno de boninas veste: 

Varrendo os ares o subtil Nordeste 
Os torna azuis; as aves de mil cores 
Adejam entre Zéfiros e Amores, 
E toma o fresco Tejo a cor celeste: 

Vem, ó Marília, vem lograr comigo 
Destes alegres campos a beleza 
Destas copadas árvores o abrigo: 

Deixa louvar da corte a vã grandeza: 
Quanto me agrada mais estar contigo 
Notando as perfeições da Natureza! 

Manuel Maria Barbosa du Bocage.

terça-feira, 15 de março de 2011

Ciclo De Cinema - Épica Idade Média

(Clicar no cartaz para ampliar.)

Nos próximos dias 17, 24, 31 de Março e 14 de Abril, decorrerá no Auditório Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto um interessante ciclo de cinema intitulado Épica Idade Média
Organizado por Maria do Rosário Ferreira, Ana Sofia Laranjinha, Mariana Leite e Joana Gomes, este ciclo realiza-se no âmbito das unidades curriculares de Ficção Medieval, Imaginário da Literatura Medieval e Temas Romanescos na Literatura Medieval leccionadas naquela instituição. Com ele pretende-se dar a conhecer a um público alargado algumas das mais importantes tradições épicas europeias, quer remontem aos tempos pré-cristãos e a heróis míticos como Beowulf e Siegfried, ou se remetam para recriações de figuras históricas como Carlos Magno, o seu sobrinho Roland ou Rodrigo Diaz de Bivar, o Cid. 
Outra das propostas deste ciclo passa pela reflexão sobre as questões levantadas pela transposição de textos literários para outra linguagem estética; sobre a dificuldade ou a recusa de assumir o tom épico que alguns dos filmes escolhidos demonstram; sobre a coerência de algumas recriações aparentemente desrespeitosas do "original"; sobre a utilização de textos medievais e pré-medievais como veículo de ideologias do mundo contemporâneo. Do Expressionismo alemão a Hollywood, o programa é propositadamente diversificado de modo a ter um alcance bastante mais abrangente. 
Todos os filmes têm início às 17:30, sendo a entrada livre e aberta a toda a comunidade.

Programa do ciclo de cinema Épica Idade Média

17 de Março Os Nibelungos - Siegfried, de Fritz Lang (1924); apresentação por John Greenfield (FLUP).

24 de Março Beowulf and Grendel, de Sturla Gunnarsson (2005); apresentação por Angélica Varandas (FLUL).

31 de Março La Chanson de Roland de Frank Cassenti (1978); apresentação por Ana Sofia Laranjinha (FLUP) e Maria do Rosário Ferreira (FLUC).

14 de Abril El Cid de Anthony Mann (1961); apresentação por José Carlos Miranda (FLUP).