terça-feira, 30 de setembro de 2014

Morreu Alpoim Calvão, o herói da "Operação Mar Verde"

«Os anos que me faltarem viver vou dedicá-los a tentar compreender Portugal: o primeiro sonho, Índia; o segundo, Brasil; o terceiro, tão nosso, África. Qual será o quarto?»
Alpoim Calvão numa carta a um amigo (1966). 

Alpoim Calvão (1937-2014).

O Comandante Alpoim Calvão faleceu hoje no Hospital de Cascais onde estava internado devido a doença prolongada. O herói da Marinha Portuguesa tinha 77 anos. Porém, o seu espírito mantinha a mesma vibra que o fez distinguir durante os anos em que serviu Portugal militarmente.
Foi um dos mais condecorados militares portugueses, tendo recebido a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a do Comportamento Exemplar e ainda duas cruzes de guerra, entre outras distinções. Contudo, o que haveria de o tornar famoso e quase lendário nos anais da nossa História Militar foi o facto de ter sido o comandante das forças portuguesas envolvidas na célebre Operação Mar Verde. Uma missão levada a cabo em 1970, durante a Guerra do Ultramar, no território da Guiné-Conacri.
Esta operação teve lugar em Novembro de 1970, tendo como principal objectivo resgatar um grupo de prisioneiros de guerra portugueses, mas também destruir armamento do grupo terrorista PAIGC, eliminar o ditador marxista Sékou Touré e destruir um conjunto de aviões MIG de fabrico soviético, destinados a atacar posições portuguesas na Província de Guiné Bissau.
Apesar do plano ter sido apenas parcialmente cumprido, o sucesso da operação pautou-se pelo resgate dos soldados portugueses, ali feitos reféns às mãos dos terroristas comunistas. Tão obscura como polémica, a  Operação Mar Verde ainda hoje não é reconhecida pelo Estado Português.
Quanto ao nosso herói, agora desaparecido, serviu sempre a Pátria, cumprindo o seu dever com toda a Honra e Fidelidade. Guardemos e honremos a sua memória!

Documentário sobre a polémica Operação Mar Verde, realizada a 22 de Novembro de 1970.

sábado, 20 de setembro de 2014

IV Festival Internacional de Polifonia Portuguesa

Setembro ficou marcado pelo regresso do Festival Internacional de Polifonia Portuguesa. Organizado pela Fundação Cupertino de Miranda, este evento conhece este ano a sua quarta edição, propondo a continuação de um dos mais interessantes projectos de divulgação daquele que será, provavelmente, o mais esplendoroso dos períodos da produção musical portuguesa.

Coro da Cappella Musical Cupertino de Miranda na companhia de Arianna Savall,
na Igreja de S. Francisco (Porto).

Com a criação em 2009 da Cappella Musical Cupertino de Miranda, a Fundação Cupertino de Miranda, sediada em Vila Nova de Famalicão, dava forma a um ambicioso projecto de recuperação e divulgação da época dourada da Polifonia Portuguesa. Retomando a nossa tradição musical dos séculos XVI e XVII, esta iniciativa foi fomentando o estudo de alguns dos principais compositores portugueses, devolvendo a sua música aos espaços para os quais a mesma havia sido composta, ou seja, os espaços religiosos.
Não obstante a importância para a música europeia de nomes como Pedro Escobar, Pedro de Cristo, Estevão de Brito, Manuel Cardoso, Duarte Lobo, Pedro de Araújo, entre outros, é inegável o esquecimento em que os mesmos se foram precipitando junto do grande público. Esta iniciativa da Fundação Cupertino de Miranda tem vindo por isso a revelar-se de grande importância para a recuperação de uma dimensão algo esquecida e até mesmo negligenciada do nosso património espiritual e artístico.
Tendo iniciado no passado dia 18 de Setembro, o Festival Internacional de Polifonia Portuguesa prolonga-se até ao próximo dia 27 de Setembro. Tal como nas anteriores edições, o festival mantém a sua natureza itinerante, passando este ano pela Igreja de S. Victor (Braga), Igreja de S. Francisco (Porto), Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço (Barcelos), Igreja Matriz de Vila do Conde, Mosteiro de S. Martinho de Tibães (Braga), Igreja de S. Gonçalo (Amarante), Igreja de S. Lourenço (Porto), Igreja do Bom Jesus (Braga) e Igreja de Sta. Maria de Landim (Vila Nova de Famalicão).
Ao lado do sublime coro da Cappella Musical Cupertino de Miranda actuam, em diferentes datas e locais, John Butt (organista) e Arianna Savall (harpista e cantora), compondo o contingente de músicos estrangeiros convidados para esta edição. Para além do habitual seminário, assegurado este ano pelas intervenções dos investigadores José Manuel Tedim, Gonçalo Vasconcelos e Sousa, José Ferrão Afonso, Eugénio Amorim e José Abreu, o programa do festival prevê ainda uma leitura de um Sermão do Padre António Vieira, lavada a cabo pelo actor Luís Miguel Cintra, já na próxima Quinta-Feira, dia 25 de Setembro, na Igreja de S. Lourenço (Porto).
À semelhança da edição anterior, a organização do Festival Internacional de Polifonia Portuguesa preparou um interessantíssimo catálogo, profusamente ilustrado, do qual não podemos deixar de destacar a grafia pré-acordo ortográfico adoptada na sua edição. Sugerindo uma delicada viagem aos domínios dos sentidos, inspirada por um diálogo interarte e transdisciplinar, este volume contém uma descrição dos espaços por onde passará a edição deste ano do festival, programa de actividades, notas biográficas sobre os músicos, bem como os textos apresentados no seminário integrante do programa do certame.
Com todas as actividades de acesso livre e gratuito, o Festival Internacional de Polifonia Portuguesa assume-se, a cada ano, como um dos mais importantes eventos da alta cultura portuguesa, sendo já uma referência a nível nacional e internacional. Para consultar o programa, ou obter mais informações, recomendamos uma visita à página http://festivalpolifoniafcm.wix.com/ivfipp.

A beleza e o mistério da Polifonia Portuguesa patente no Kyrie et Gloria 
do compositor Manuel Cardoso. 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Fernando Pessoa no eixo Xangai-Coimbra

De Xangai para Coimbra à procura da língua de Fernando Pessoa é o título de uma breve entrevista com a investigadora chinesa Cristina Zhou Miao, publicada no número 157 da Newsletter da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua linha de investigação não-conforme é digna de ser conhecida, pois o seu contributo para a desintoxicação materialista da leitura e interpretação da cultura portuguesa apresenta-se como absolutamente pertinente e essencial, sobretudo ao nível dos estudos pessoanos.
Conheçamos o seu trabalho!

(Clicar na imagem para ampliar.)