Setembro ficou marcado pelo regresso do Festival Internacional de Polifonia Portuguesa. Organizado pela Fundação Cupertino de Miranda, este evento conhece este ano a sua quarta edição, propondo a continuação de um dos mais interessantes projectos de divulgação daquele que será, provavelmente, o mais esplendoroso dos períodos da produção musical portuguesa.
Coro da Cappella Musical Cupertino de Miranda na companhia de Arianna Savall, na Igreja de S. Francisco (Porto). |
Com a criação em 2009 da Cappella Musical Cupertino de Miranda, a Fundação Cupertino de Miranda, sediada em Vila Nova de Famalicão, dava forma a um ambicioso projecto de recuperação e divulgação da época dourada da Polifonia Portuguesa. Retomando a nossa tradição musical dos séculos XVI e XVII, esta iniciativa foi fomentando o estudo de alguns dos principais compositores portugueses, devolvendo a sua música aos espaços para os quais a mesma havia sido composta, ou seja, os espaços religiosos.
Não obstante a importância para a música europeia de nomes como Pedro Escobar, Pedro de Cristo, Estevão de Brito, Manuel Cardoso, Duarte Lobo, Pedro de Araújo, entre outros, é inegável o esquecimento em que os mesmos se foram precipitando junto do grande público. Esta iniciativa da Fundação Cupertino de Miranda tem vindo por isso a revelar-se de grande importância para a recuperação de uma dimensão algo esquecida e até mesmo negligenciada do nosso património espiritual e artístico.
Tendo iniciado no passado dia 18 de Setembro, o Festival Internacional de Polifonia Portuguesa prolonga-se até ao próximo dia 27 de Setembro. Tal como nas anteriores edições, o festival mantém a sua natureza itinerante, passando este ano pela Igreja de S. Victor (Braga), Igreja de S. Francisco (Porto), Igreja Beneditina de Nossa Senhora do Terço (Barcelos), Igreja Matriz de Vila do Conde, Mosteiro de S. Martinho de Tibães (Braga), Igreja de S. Gonçalo (Amarante), Igreja de S. Lourenço (Porto), Igreja do Bom Jesus (Braga) e Igreja de Sta. Maria de Landim (Vila Nova de Famalicão).
Ao lado do sublime coro da Cappella Musical Cupertino de Miranda actuam, em diferentes datas e locais, John Butt (organista) e Arianna Savall (harpista e cantora), compondo o contingente de músicos estrangeiros convidados para esta edição. Para além do habitual seminário, assegurado este ano pelas intervenções dos investigadores José Manuel Tedim, Gonçalo Vasconcelos e Sousa, José Ferrão Afonso, Eugénio Amorim e José Abreu, o programa do festival prevê ainda uma leitura de um Sermão do Padre António Vieira, lavada a cabo pelo actor Luís Miguel Cintra, já na próxima Quinta-Feira, dia 25 de Setembro, na Igreja de S. Lourenço (Porto).
À semelhança da edição anterior, a organização do Festival Internacional de Polifonia Portuguesa preparou um interessantíssimo catálogo, profusamente ilustrado, do qual não podemos deixar de destacar a grafia pré-acordo ortográfico adoptada na sua edição. Sugerindo uma delicada viagem aos domínios dos sentidos, inspirada por um diálogo interarte e transdisciplinar, este volume contém uma descrição dos espaços por onde passará a edição deste ano do festival, programa de actividades, notas biográficas sobre os músicos, bem como os textos apresentados no seminário integrante do programa do certame.
Com todas as actividades de acesso livre e gratuito, o Festival Internacional de Polifonia Portuguesa assume-se, a cada ano, como um dos mais importantes eventos da alta cultura portuguesa, sendo já uma referência a nível nacional e internacional. Para consultar o programa, ou obter mais informações, recomendamos uma visita à página http://festivalpolifoniafcm.wix.com/ivfipp.
A beleza e o mistério da Polifonia Portuguesa patente no Kyrie et Gloria
do compositor Manuel Cardoso.
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