sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Evocação de Sampaio Bruno

«A sabedoria foi a qualidade suprema de Sampaio Bruno, que se torna assim numa figura quase religiosa, intérprete dos sonhos do homem, enviada à nossa dolorosíssima ansiedade.»
Teixeira de Pascoaes em A Águia, vol. VIII. 

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Vulto maior da cultura nacional e autor de importantes obras como O Brasil MentalA Ideia de DeusO EncobertoPlano de Um Livro a Fazer (Os Cavaleiros do Amor ou A Religião da Razão)Teoria Nova da Antiguidade, entre outras, Sampaio Bruno foi, juntamente com Guerra Junqueiro, nos anos que marcaram a transição do século XIX para o XX, uma das personalidades intelectuais dominantes na cidade do Porto e no país.
Prestes a entrarmos no ano que antecede o centenário do seu desaparecimento, o MIL Norte anuncia uma evocação à memória deste importante intelectual português, a ter lugar na sua sede do Porto, já no próximo dia 4 de Dezembro, pelas 21h. O orador convidado será Afonso Rocha, autor da obra A Gnose de Sampaio Brunopublicada em 2009 pela editora Zéfiro
A entrada é livre!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um olhar sobre o Portugal dos anos 1950

Portugal é apresentado neste filme de divulgação turística da primeira metade dos anos 1950 como um país que sobreviveu intocado aos horrores da II Guerra Mundial. Num breve registo documental são mostradas algumas cidades como Lisboa, Nazaré e Porto, assim como algumas actividades económicas, outrora fortes e importantes para o desenvolvimento do nosso país, lado a lado com alguns aspectos culturais e etnográficos.
Depois de assistirmos a estas belas imagens de um outro Portugal que urge recuperar, ficam retidas na nossa memória as palavras do narrador que, a certo momento, se refere à nossa Pátria, descrevendo-a: «An orderly and exceptionally clean nation!» Vale a pena ver e relembrar, pois recordar também é viver!

Vídeo de propaganda turística de Portugal utilizado promover
o país nos anos 1950.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Amadeo de Souza-Cardoso: retrato de um modernista

«O singular percurso artístico de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) e a sua participação activa na legitimação das vanguardas internacionais da sua época faz dele, nacional e internacionalmente, um "caso de estudo" particularmente fértil. Essa participação traçou-se naturalmente e à medida que expunha as suas obras nos mais importantes acontecimentos artísticos que marcaram o modernismo europeu,...»
Catarina Alfaro em Amadeo de Souza-Cardoso


Celebra-se hoje o 126.º aniversário do nascimento de Amadeo de Souza-Cardoso, um dos principais pintores do nosso modernismo. Activo durante um período de aproximadamente 14 anos, a sua obra acabou por marcar a pintura portuguesa e europeia do século XX. Apesar de ter viajado pelo mundo e frequentado os ciclos parisienses, onde privou de perto com a vanguarda artística europeia, Amadeo jamais perdeu a sua matriz, ou esqueceu as suas raízes, conseguindo um perfeito equilíbrio entre a tradição e o modernismo.
Fecundadas pelas outrora milagrosas águas do Tâmega, as terras amarantinas foram berço de inúmeras personalidades ligadas à nossa pintura, música, literatura, poesia, fotografia e pensamento filosófico. António Cândido, Teixeira de Pascoaes, António Carneiro, Acácio Lino, Eduardo Teixeira Pinto, ou Agustina Bessa-Luís, são apenas algumas das figuras ilustrativas do génio criador português, que nasceram em terras de S. Gonçalo, numa região então pouco urbanizada e fortemente voltada para a terra e o seu trabalho.
Amadeo de Souza-Cardoso foi outra dessas personalidades naturais daquela região, tendo nascido em Manhufe, concelho de Amarante, a 14 de Novembro de 1887. Apesar de oriundo de um meio pequeno, a condição dos seus pais como reconhecidos produtores vinícolas permitiu-lhe estudar e alimentar a sua precoce vocação artística, inicialmente associada à caricatura. Uma arte que desenvolveu durante as estadias em Espinho, durante a época balnear, onde conheceu Manuel Laranjeira, com quem haveria de travar uma amizade bastante forte e duradoura.
A sua formação artística levou-o até Lisboa em 1905, onde frequentou o curso preparatório de desenho na Real Academia de Belas-Artes. Um ano depois, no dia em que perfez 19 anos, o jovem Amadeo partiu para Paris, com intenção de estudar arquitectura na École des Beaux-Arts, iniciando assim uma das mais brilhantes e fascinantes carreiras artísticas da arte portuguesa do século XX.

Retrato de Amadeo de Souza-Cardoso.

A internacionalização
O seu primeiro contacto internacional dá-se com a chegada a Paris, onde se instalou em Montparnasse, juntamente com um outro jovem artista que o acompanhou desde Portugal – Francis Smith. De imediato Amadeo passou a frequentar ateliers de pintura, bem como exposições e locais de convívio entre artistas, desbloqueando e estimulando a sua crescente criatividade. Sentindo uma constante necessidade de descoberta e experimentação, este artista português começou a explorar outras formas de expressão para além da caricatura, destacando-se também na ilustração e, obviamente, na pintura.
Colocando de parte qualquer intenção de estudar arquitectura, Amadeo abraça definitivamente a sua carreira artística em meados de 1908. O mesmo ano em que conhece em Paris Lucie Meynardi Pecetto, sua eterna companheira, com quem haveria de casar-se anos mais tarde na cidade do Porto. A partir de 1910, ano em que “Le Figaro” publicou o “Manifesto Futurista” de Marinetti, Amadeo começou a estabelecer ralações de grande amizade com alguns artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi e Alexander Archipenko. As suas exposições vão-se sucedendo, assim como as suas viagens, levando a que o nome de Amadeo de Souza-Cardoso fosse ficando cada vez mais conhecido entre os círculos artístico-culturais europeus.

Amadeo e Lucie no atelier da Rue Ernest Cresson, n.º 20, em Paris (1913).

A recepção da sua obra
Em 1911, foi inaugurada uma exposição de Amadeo e Modigliani, no próprio ateliê do artista português, situado nas imediações de Quai d’Orsay, iniciando-se um período bastante activo no que concerne a mostras do seu trabalho e respectivo reconhecimento junto dos críticos e do público internacional. Amadeo passou a expor em França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos da América e Portugal. Bastante apreciados, os seus quadros eram igualmente muito procurados pelos coleccionadores de arte, o que indicia bem o seu sucesso.
Não obstante a vasta aclamação internacional, a sua obra foi repudiada pelo público português, valendo-lhe uma série de apupos e insultos nas exposições que realizou nas cidades do Porto e Lisboa, assim como uma agressão que o deixou incapacitado por algumas semanas. Durante esse período, animado pelo apoio recebido por personalidades como Teixeira de Pascoaes e Almada Negreiros, Amadeo continuou a criar a partir do isolamento do seu atelier, entre as montanhas de Manhufe.
Impossibilitado de regressar a Paris durante o período da I Guerra Mundial, Amadeo envolveu-se em alguns projectos editoriais com Almada Negreiros, intercalando os momentos de criação artística com os habituais passeios a cavalo e a caça.

Retrato de Amadeo de Souza Cardoso junto da sua avó
materna e de Lucie Meynardi Pecetto.

A imortalidade conquistada
Amadeo de Souza-Cardoso faleceu precocemente a 25 de Outubro de 1918, vítima da malfadada gripe espanhola, contando apenas 30 anos de idade. Mas essas três décadas de vida revelaram-se suficientes para deixar uma extensa obra e conquistar um lugar na História.
Apesar de nunca ter pertencido oficialmente ao Orpheu, ficou para sempre associado àquele grupo e a nomes como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Santa-Rita Pintor, Luís de Montalvão, Raul Leal, Armando Côrtes Rodrigues, ou António Ferro, em virtude da sua colaboração com um desenho feito para o terceiro número daquela revista, entretanto não publicado.
Os seus trabalhos integravam na generalidade os motivos tradicionais nas diversas gramáticas modernistas perfilhadas por si, revelando uma originalidade sem precedentes na história da nossa pintura. O reconhecimento de Amadeo em Portugal, como em tantos outros casos, acabou por chegar tarde, já após o seu desaparecimento. Neste caso, deve-se ao SNI a sua entronização cultural, que tomou uma série de medidas destinadas a celebrar a obra deste importante artista nacional. Repondo-se assim a justiça, a sua marca nos panoramas culturais nacional e internacional acabaria por coroar a memória deste insigne artista português, tão admirado e respeitado hoje, aquém e além-fronteiras.

Canção Popular - a Russa e o Fígaro (1916).

Menina dos cravos (1913).

Trou de la serrure - parto da viola Bon Ménage - Fraise
avant garde
(1916).

Zinc (1917).

Caixa registadora (1917)

A máscara de olho verde (1915).

 Sem título (1917).

Brut 300 TSF (1917).

Cozinha da casa de Manhufe (1913).

Ponte (1914).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O regresso da Banda do Casaco

Banda do Casaco em meados de 1978.

A lendária Banda do Casaco está de regresso e com ela três novas edições de luxo que celebram os 40 anos da sua fundação. Assim, no próximo dia 25 de Novembro chegará às lojas uma compilação com 16 dos grandes êxitos do grupo, intitulada 40 Anos de Som, bem como duas caixas onde se poderá encontrar a discografia integral da Banda do Casaco, contendo os seus sete álbuns, remasterizados este ano por José Fortes; faixas extras e inéditas; o DVD Banda do Casaco ao Vivo, com gravações de concertos em 1975, 1977 e 1984; telediscos e actuações na televisão; e ainda o CD Origens, com gravações de outros projectos como os Musica Novarum, Daphene, ou Family Fair que antecederam a criação da própria Banda do Casaco. 
A compilação com o melhor da Banda do Casaco contará com um alinhamento onde figuram temas célebres como: A Cavalo Dado, Morgadinha dos Canibais, País: Portugal, Malfamagrifana, Estranha Força, Salvé Maravilha, Alcateia II, Consilação, Dono da Noite, entre outros. Quanto ao trabalho trabalho gráfico desta edição, é desde já sabido que a capa contará com uma ilustração da autoria do incontornável Carlos Zíngaro.
Formados em 1974 por António Pinho, Luís Linhares, Nuno Rodrigues e Celso de Carvalho, este grupo foi responsável pela gravação de importantes trabalhos como Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios (1975) ou Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos (1977). O carácter seminal da Banda do Casado, um dos mais brilhantes e originais projectos do seu tempo, será certamente um motivo mais do que suficiente para atrair atenção de qualquer apreciador de música portuguesa, constituindo estas edições uma oportunidade soberana para reunir todos estes importantes documentos, ilustrativos de um dos últimos grandes períodos criativos da nossa cultura popular. A não perder!

Teledisco do tema Enterro do Tostão.

domingo, 3 de novembro de 2013

A Guerra em Portugal na Idade Média

A Idade Média foi, para muitos historiadores, uma época de glória e acção genésica para a nossa História. Um período de invulgar fulgor no qual se assistiu à construção de um reino que, em pouco tempo, acabaria por transformar-se no primeiro Império à escala mundial. O imaginário que ainda hoje anima a memória dessa época é por demais vasto e rico. Contudo, entre a cor, a música, a arquitectura, os costumes, vida ou modos de pensar, a guerra e a fantasia belicista destacam-se naquele período enquanto principais factores de sedução face a investigadores e público em geral.  
Durante o dia de amanhã e a manhã de Terça-Feira, dias 4 e 5 de Novembro, terá lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), na sala do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM), um seminário organizado pelo Grupo Informal de História Medieval (GIHM), subordinado ao tema: A Guerra em Portugal na Idade Média. Os três painéis constituintes deste encontro serão formados por Mário Barroca, Miguel Gomes Martins e Luís Miguel Duarte.
Este seminário é de entrada livre, estando aberto a toda a comunidade. 

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sábado, 2 de novembro de 2013

Parque de Monserrate vence o European Garden Award

Foi ontem anunciado que o Parque de Monserrate venceu o European Garden Award deste ano! Este importante galardão foi entregue na Alemanha aos representantes dos Parques de Sintra pela European Garden Heritage Network e a Schloss Dyck Foundation, em nome de um júri constituído por elementos de 10 países europeus. Os critérios de selecção prenderam-se com a inovação, a sustentabilidade, qualidade do restauro e manutenção do espaço, bem como o envolvimento da comunidade em que o mesmo se encontra inserido. 
A distinção internacional em causa premeia, uma vez mais, a beleza e a excelência que caracteriza o nosso património, do qual muito nos devemos orgulhar. A Nova Casa Portuguesa regozija-se assim desta conquista, esperando que a mesma consciencialize os nossos governantes para a necessidade vital de recuperar e preservar o nosso património.
Dada a beleza e singularidade do local, não poderíamos deixar de partilhar algumas fotografias, na esperança que as mesmas justifiquem aos olhos de todos a justiça deste prémio.
Para mais informações sobre o European Garden Award de 2013, consulte-se a seguinte ligação do sítio oficial dos Parques de Sintra: www.parquesdesintra.pt/index.aspx/index.aspx?p=newsDetail&NewsId=566.