«Naturalmente que, ao longo de toda a história, os emblemas, os símbolos, tiveram, e continuam a ter, uma importância e uma força impressionantes, aos mais diversos níveis da vida dos homens e da sociedade, podendo mesmo considerar-se como formas que as mais diversas ortodoxias foram e vão usando sobretudo como meios de poder.
Os livros são, na Idade Média, o meio por excelência do saber. Daí a importância das livrarias e bibliotecas, numa ciência que é antes de mais de base livresca e onde é notória a estreita ligação entre o o saber e o poder. As mais importantes livrarias situam-se nas três bibliotecas dos mosteiros de Lorvão, Santa Maria de Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra. De modo geral, o acto de leitura na Idade Média era entendido quase como um acto litúrgico, eivado de um sentimento de grande intimidade entre o leitor e o livro.»
Maria Celeste Natário em Itinerários do Pensamento Filosófico Português.
Um dos mais belos tesouros do Portugal medievo é o livro do Apocalipse do Lorvão, assim chamado dada, a sua proveniência, a biblioteca do mosteiro de S. Mamede do Lorvão. Conservada hoje no
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para onde foi levada por Alexandre Herculano, ela representa uma das principais e mais antigas obras medievais portuguesas que sobreviveram até aos nossos dias.
Datado de meados do século XII, o Apocalipse do Lorvão assume-se com a magnus opus do Portugal românico, percebendo-se ainda algumas influências artísticas de natureza moçárabes. As suas iluminuras, realçadas pelas suas três cores vivas, o vermelho, laranja, e amarelo, conjugadas com o branco que surge como uma quarta cor, moldam e acentuam o impacto visual do texto de S. João, marcado pelas suas visões apocalípticas.
Um dos mais interessantes olhares sobre o Apocalipse do Lorvão passa pela análise do seu bestiário. As bestas que povoam o imaginário das suas iluminuras reflectem mais do que a mensagem bíblica, transmitida por S. João. Elas ilustram o imaginário fantástico do homem medieval, dando a conhecer alguns dos seus maiores medos. Resolvemos por isso seleccionar algumas das iluminuras que constituem o chamado bestiário de Lorvão, publicando-as aqui de forma a dar a conhecer um pouco melhor a mundividência dos homens que um dia fundaram Portugal.
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A besta da terra. |
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A besta do mar. |
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A grande meretriz montada numa besta. |
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A mulher no sol e o dragão. |
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A mulher sobre a besta. |
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A vitória do cordeiro sobre a grande serpente do mal. |
gostei muito!
ResponderEliminarse não se importa irei reproduzir algumas fotos no meu blogue!
Angela
Por favor, tenha a bondade de o fazer!
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