sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tradição Portuguesa e o Novo Paradigma Científico-Espiritual

Integrado no ciclo de conferências Consciência e Religião, promovido pelo Município de Barcelos desde inícios do ano transacto, Paulo Alexandre Loução apresentará hoje, dia 3 de Junho, pelas 21:30, uma comunicação subordinada ao tema A Tradição Portuguesa e o Novo Paradigma Científico-Espiritual.
Esta iniciativa decorrerá no Salão Nobre da Câmara Municipal de Barcelos e tem entrada livre.

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«Em concomitância com as dez categorias da cultura portuguesa assinaladas por Miguel Real, encontramos vivas no seu inconsciente três linhas de vibração mítico-espiritual: a nostalgia do paraíso, a relação espiritual com a Natureza e a ciência aberta a novos horizontes e à espiritualidade. A esfera armilar, empresa que D. Manuel I recebeu de D. João II, é um símbolo por excelência da ciência com raízes herméticas que possibilitou a realização do Projecto dos Descobrimentos Portugueses. «Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia» dizia Fernando Pessoa e Jaime Cortesão confirmava nos seus estudos a importância da ciência nos Descobrimentos Portugueses a par da mística do Culto do Espírito Santo. Estas duas vertentes harmonizadas, ciência e mística, tiveram uma origem templária comum e estavam de acordo com a ciência global postulada pelos grandes filósofos teosóficos do Renascimento como Gemisto Pleto, Marsílio Ficino e Giordano Bruno. Este mesmo hermetista, séculos mais tarde, irá inspirar um dos instigadores do 31 de Janeiro, o portuense José Pereira Sampaio, que se transmutará em Sampaio Bruno, Bruno em evocação a Giordano Bruno, mártir da liberdade de pensamento, queimado pela Inquisição a 17 de Fevereiro de 1600.
É precisamente em Sampaio Bruno – republicano convicto, mas à maneira de Louis Claude de Saint-Martin – que vamos encontrar uma leitura renovada da tradição portuguesa na sua obra Os Cavaleiros do Amor e n’A Ideia de Deus uma visão da ciência como uma aliada da metafísica, ampla e não redutora, que pode receber a «graça, quantum da revelação». Esta visão de uma ciência que pode tocar com as fontes da espiritualidade e de um método científico que pode ser aplicado ao estudo da mente e do invisível, não medível segundo os padrões normais materialistas, está de acordo com o novo paradigma científico-espiritual que tem vindo a ser modelado com os participantes dos Encontros Eranos e cientistas-filósofos como Ervin Lazslo, Lothar Schäfer, Stuart Kauffman, Fritoj Capra, Basarab Nicolescu, Rupert Sheldrake, entre muitos outros.
Nesta conferência veremos como a tradição portuguesa antecipou conceitos do novo paradigma científico-espiritual, facto bem presente em Sampaio Bruno e, no seu seguidor, Fernando Pessoa.
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Excerto do sumário da conferência.

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