quinta-feira, 18 de novembro de 2010

No rescaldo de um bom resultado da equipa das quinas

«A palavra multidão, no sentido vulgar, representa um conjunto de indivíduos, qualquer que seja a nacionalidade, profissão ou sexo e quaisquer que sejam também os acasos que os reuniram.
Do ponto de vista psicológico, a palavra multidão assume um significado totalmente diferente. Em determinadas circunstâncias, e apenas nessas, um aglomerado de homens possui características  novas muito diferentes das de cada individuo que o compõe. A personalidade consciente dilui-se, os sentimentos e as ideias de todas as unidades estão concentrados numa mesma direcção. Forma-se uma alma colectiva, transitória, sem dúvida, mas com traços muito nítidos. A colectividade transforma-se então naquilo que, à falta de uma expressão melhor, designarei por uma multidão organizada ou, se preferirmos, uma multidão psicológica. Ela forma um ser único e encontra-se submetida à lei da unidade mental das multidões.
»
 Gustave Le Bon em Psicologia das Multidões.

O futebol, mais do que um desporto de massas, é acima de tudo um catalisador de paixões e emoções, podendo, segundo a lógica inscrita na passagem do sociólogo e psicólogo social Gustave Le Bon, constituir um móbil para a desvinculação ou mera subtracção do eu, originando o nascimento de toda uma nova identidade colectiva.
Apesar de efémero, mas não menos perigoso, não devemos incorrer no erro de negligenciar o poder social e psicológico deste fenómeno desportivo, cada vez mais, convertido em entretenimento de massas pela obscena sociedade do espectáculo. Conscientes da deformação social que esta prática desportiva inflige à sociedade contemporânea, impondo-se como uma espécie de paradigma cultural e sócio-económico, continuamos a acreditar na possibilidade de direccionar toda a energia concentrada neste género de fenómenos para algo produtivo. Lembremos os vários estudos realizados nos últimos anos, dando conta, por exemplo, do reforço moral obtido pelos trabalhadores no dia seguinte a um bom resultado da sua equipa de predilecta.
O dia de hoje assume certamente estes contornos em virtude do rescaldo do grande resultado desportivo obtido ontem pela nossa selecção,  ou seja, os 4-0 conseguidos face à poderosa equipa espanhola, detentora dos títulos de campeã da Europa e do Mundo.
Conforme sabemos, a Espanha foi ao longo da história a nossa eterna rival, fosse a nível político, económico, militar ou até mesmo desportivo. As duas selecções nacionais defrontaram-se por variadíssimas ocasiões com resultados globais mais favoráveis para os espanhóis, numa tendência negativa que nos últimos anos se tem alterado em benefício dos portugueses. Dos humilhantes 9-0 sofridos em 1934, num jogo disputado no âmbito da qualificação para o campeonato do mundo, à nossa primeira vitória por 2-1, alcançada em Vigo no Estádio dos Balaídos em 1937, numa partida não reconhecida pela F.I.F.A. em virtude da fractura espanhola em resultado da sua guerra civil, até ao primeiro jogo ganho num confronto oficial e de modo categórico por 4-1 no Estádio Nacional, muito foi mudando na selecção das quinas e no tipo de futebol por ela praticado.
As notícias das vitórias portuguesas sobre os espanhóis elevaram na altura os jogadores à qualidade de heróis nacionais por aclamação do popular e não institucional como hoje nos tentam fazer crer. E porque na altura os tempos eram de facto outros, resolvemos hoje prestar aqui uma justa homenagem a esses atletas portugueses que pela primeira vez derrotaram a vizinha Espanha no futebol.

Primeira página da edição de 29 de Novembro de 1937 do Diário de Notícias,
destacando a primeira vitória conseguida pela selecção portuguesa de futebol
ante a sua homologa espanhola. Em virtude da guerra civil de Espanha, este
jogo nunca chegaria a ser oficializado pela F.I.F.A. 


O atleta do Futebol clube do Porto, Artur de Sousa, também conhecido por pinga,
ficaria célebre ao marcar o primeiro golo da primeira vitória alcançada sobre
a Espanha.

Imagem dos festejos do primeiro golo de Pinga na primeira vitória de Portugal
sobre a Espanha.

Momentos iniciais da primeira vitória oficial de Portugal sobre a Espanha. O
desafio de carácter amigável decorreu no Estádio Nacional a 26 de Junho de
1947, tendo terminado com o resultado de 4-1 para Portugal.

Foi num Estádio Nacional completamente cheio que Portugal conseguiu pela
primeira vez derrotar a Espanha num desafio oficial.

Momento de celebração da equipa das quinas após a marcação de um dos 4
tentos com que levaram a equipa espanhola de vencida.

2 comentários:

  1. Homenagem muito bem prestada!

    Um Grande Bem-Haja.

    Do Japão,
    Luís F. Afonso, NBJ

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  2. Mercoledi scorso é andato in scena il "football bailado" della Selecção portuguesa che ha letteralmente schiantato i campioni del mondo e d'europa della Spagna, che da parte sua da quando é divenuta campione ha raccolto qualcosa come un solo punto in tre partite amichevoli (pari con il Messico, sconfitte per 4 a 1 e 4 a 0 contro Argentina e Portogallo).
    Ma non scrivo in questa sede per analizzare la pseudo crisi della squadra spagnola. Il mio intervento é volto esclusivamente a omaggiare il nuovo corso della nazionale portoghese che da quando é diretta dal competente Paolo Bento, ha decisamente cambiato gioco e ritmo raddrizzando il percorso nelle eliminatorie europee schiantando con un doppio 3 a 1 Islanda e la quotata Danimarca, più nel gioco che nel risultato finale. La goleada sulla Spagna si inserisce in questo nuovo corso facendo ben sperare federazione e portoghesi in una rinascita del calcio lusitano dopo gli abbandoni dei fuoriclasse appartenuti alla generazione di fenomeni degli anni '90.
    La squadra é giovane ed esperta allo stesso tempo, il giusto mix per mirare alle posizioni di vertice a cui il Portogallo può e deve ambire nel football internazionale. Il leader indiscusso di questo gruppo é un giocatore che ha queste caratteristiche: con i suoi 25 anni Cristiano Ronaldo é giovane e maturo al punto giusto per prendere in mano la nazionale e portarla ai fasti della squadra di Eusebio e dei "magriços", e chi lo sá magari superare la forza e la compattezza di quel gruppo.
    Nel frattempo le statistiche segnano questo straordinario risultato, sicuramente non assegna alcuna coppa, ma infonde grande forza e convinzione nei propri mezzi, aspetti importanti per affrontare nel giusto modo le partite a venire. Sorridi Portogallo, una goleada alla Spagna ha il sapore dolce dei grandi successi ottenuti nei secoli passati quando i due popoli si affrontavano quotidianamente per l'affermazione sulla penisola iberica.

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