quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Bicentenário de Alexandre Herculano (1810-2010)

Celebra-se durante o corrente ano o bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano, vulto incontornável literatura e historiografia portuguesa do séc. XIX. A marcar esta efeméride, realiza-se no próximo dia 19 de Novembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, um encontro intitulado Revisitando Alexandre Herculano: Colóquio Comemorativo do Bicentenário do seu Nascimento (1810-2010).

(Clicar na imagem para aceder ao programa do colóquio.)

A Sessão de abertura terá lugar no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pelas 9h30min. Lembramos que a participação e presença neste colóquio é gratuita.

Para mais informações, os interessados deverão contactar geci@letras.up.pt.

2 comentários:

  1. Assinalar o duplo centenário do nascimento de um historiador é um exercício sensato. Pena é, apesar do meritório trabalho de levantamento documental de Herculano, sobretudo orientado para a História Medieval, que esse historiador tenha rapidamente caído no logro na interpretação positivista, tão ao gosto dos pedreiros-livres, que assim branqueiam com especulações fáceis e frass feitas o processo histórico. Mais, Herculano ajudou a inquinar a historiografia portuguesa que ainda hoje se ressente, aos seus níveis mais elementares, de uma visão jacobina, fútil e sem fundamento científico que tem alimentado sucessivas gerações na asneira e no preconceito.
    Pena não poder estar presente para o dizer de viva voz.
    Cumprimentos
    G. Couceiro Feio

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  2. Estimado G. Couceiro Feio, antes de mais, muito obrigado pelo seu sóbrio comentário.
    Compreendemos as suas palavras e posição face ao trabalho de Herculano. De facto, partilhamos um pouco a sua opinião quanto a algumas das influências menos felizes em que este autor mergulhou, assim como Almeida Garrett. Em ambos os casos, assistimos a uma excessiva preponderância de certas correntes responsáveis pela poluição do escol da intelectualidade portuguesa que, sem se aperceber, começou gradualmente a atentar contra si própria. Não obstante, há que ter em linha de conta a singularidade dos princípios destes dois autores. Se por um lado em determinada altura estes se deixaram iludir pelo vírus jacobino, também deveremos salientar, por exemplo, a defesa que fizeram do clero, com quem nunca tiveram boas relações, aquando da extinção das ordens religiosas e consequente confiscação dos respectivos bens. No caso particular de Alexandre Herculano, é de sublinhar o seu desalento, acompanhado por um sentimento de aproveitamento de que foi vítima, responsável pelo seu afastamento da vida política activa, bem como da sua produção cultural. Aliás, deve-se a esse isolamento, em virtude do desencantamento sofrido com o rumo das políticas que um dia defendeu, o facto de Alexandre Herculano nunca ter terminado a sua História de Portugal. O seu positivismo poderá parecer excessivo no âmbito da Ciências Sociais, mas estamos em crer que o mesmo foi necessário para o desenvolvimento destas em Portugal, sobretudo no que concerne à Historiografia Portuguesa. Não podemos esquecer que Alexandre Herculano foi um homem marcadamente romântico, pelo que nos parece existir na sua obra, uma tentativa notável de contrabalançar o positivismo científico com o romantismo. Isto parece-nos, sem dúvida, um admirável exercício intelectual, tendo em conta os radicalismos jacobinos e a estagnação intelectual que polarizava as elites letradas do Portugal da sua época. Parece-nos assim que o resultado geral do seu contributo intelectual para a Cultura Portuguesa foi claramente mais positivo do que negativo.

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