«Só peço a Deus que me dê tempo, força e cabeça para concluir as obras que tenho projectadas. O terceiro e quarto volume de Portugal Razão e Mistério; um livro sobre a filosofia portuguesa, de Bruno a Orlando; um outro livro, sobre O Primeiro Modernismo Português (…) e ainda outros que tenho na cabeça.»
Excerto de uma carta de António Quadros para
António Telmo, datada de Janeiro de 1987.
Capas da primeira edição dos dois primeiros volumes de Portugal Razão e Mistério. |
Publicados através da chancela da Guimarães, os dois volumes de Portugal Razão e Mistério são considerados pela vasta maioria dos conhecedores e hermeneutas da obra de António Quadros como a sua obra-prima. Pensada para quatro volumes, apenas dois foram publicados ainda em vida do filósofo português, sabendo-se que um terceiro estaria praticamente terminado nas vésperas da sua morte.
De resto, este foi um dos temas debatido com mais interesse no colóquio internacional António Quadros: Vida, Obra e Contextos que decorreu em Lisboa e Rio de Janeiro, em Maio e Junho de 2013. Nessa altura, António Braz Teixeira e Pinharanda Gomes partilharam, com os participantes desse encontro nas sessões de Lisboa, as conversas que mantiveram com António Quadros a propósito da terceira parte dessa obra. Falou-se na certeza da sua existência, apesar da incerteza quanto ao seu paradeiro.
Desaparecida desde a morte de António Quadros, a terceira parte da obra Portugal Razão e Mistério terá sido recentemente localizada e identificada no espólio da Fundação António Quadros. Esta notícia foi avançada através da revista Nova Águia, onde esta descoberta foi descrita como «um raio de luz nestes tempos sombrios...» Efectivamente, a tetralogia iniciada por António Quadros propunha-se a realizar uma importante síntese e reflexão em torno de Portugal, da natureza teleológica da nossa História, cultura, espírito e tradição.
Os derradeiros anos de António Quadros foram férteis em projectos editoriais, sendo que muitos deles acabaram, lamentavelmente, por nunca se realizar. A morte, reclamando-o cedo demais, fez com que a sua partida nos impossibilitasse de alcançar um maior domínio em matéria do conhecimento relativo à nossa Espiritualidade Pátria. Esperemos que com a recente redescoberta e futura publicação do terceiro volume de Portugal Razão e Mistério possamos, finalmente, desvendar um pouco mais do pensamento de António Quadros, mergulhando mais fundo nas misteriosas e matriciais raízes da nossa Pátria.
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