«A poesia tem um mistério - e esse é, para a maioria das pessoas sensíveis o próprio encantamento da sensitividade, pelo qual se lhes revela o mundo encantado da imaginação.»
Eudoro de Sousa em Origem da Poesia e da Mitologia
e outros ensaios dispersos.
A civilização portuguesa, apesar de única e singular, integra-se também na grande tradição europeia. Se pensarmos na nossa raiz matricial, tomámos consciência do poder e da força criadora da poesia. Cantando o mito - esse substantivo sinónimo de origem -, a poesia cumpre de igual modo uma função regenerativa, religando cada comunidade com a sua tradição primordial, de modo a poder-se construir um futuro coeso e integral.
Desperta para esta realidade e necessidade, a cidade do Porto interage com os seus habitantes como um organismo vivo, obrigando-os a vivê-la enquanto parte desse cenário de reencontro com o primordial canto. Assim, ao longo da presente semana, entre esta Terça-Feira e a próxima Sexta, os finais de tarde de quatro livrarias portuenses serão animados por leituras de poesia. A primeira livraria a receber estes encontros informais será a Leitura Bulhosa, com a participação do actor Nuno Meireles, seguindo-se a Poetria, com o poeta João Luís Barreto, o alfarrabista Lumière, com a presença do diseur Isaque Ferreira e, por fim, a loja da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, onde poderemos contar com a intervenção de José Valle de Figueiredo.
A entrada é livre e aberta a toda a comunidade.
(Clicar na imagem para ampliar.) |
Urgente é a poesia.
ResponderEliminarSim a poesia tem esse caráter de urgência
de dizer e ficar dita,
presença de toda premência
em não ser mais inaudita.
Por isto dizer que é urgente
tem seu que de ilusão,
como se não fora premente
a permanente inquietação.
Dizendo-se daquilo que é
diz-se daquilo que não,
com calma em contrapé,
ambas na mesma dição.
Parabenizo o evento,
H.