Enterro de Cristo, pintura portuguesa do séc. XVI da autoria de Gregório Lopes. |
O filho do grão rei, que a monarquia
tem lá nos céus e que de si procede,
hoje mudo e submisso à fúria cede
de um povo, que foi seu, que à morte o guia.
De trevas, de pavor se veste o dia,
inchado o mar o seu limite excede,
convulsa a terra por mil bocas pede
vingança de tão nova tirania.
Sacrílegio mortal, que espanto ordenas,
que ignoto horror, que lúgubre aparato!...
Tu julgas teu juiz!... Teu Deus condenas!
Ah! Castigai, Senhor, o mundo ingrato;
caiam-lhe as maldições, chovam-lhe as penas,
também eu morra, que também vos mato.
Barbosa du Bocage.
Sem comentários:
Enviar um comentário