«Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução primária e tenho a obrigação de correr constantemente todo o País. Ando no caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante. Na verdade lembro-me de alguns momentos agradáveis, de que tenho saudades, e espero ainda encontrar outros que me deixem novas saudades. É uma instabilidade de eterna juventude, com perspectivas e horizontes sempre novos. Mas não gosto de viajar. Talvez só por ser uma obrigação e as obrigações não darem prazer. Entusiasmo-me com a beleza das paisagens que valem como pessoas, e tive já uma grande curiosidade pelos tipos rácicos, pelos costumes, e pela diferença de mentalidade do povo de região para região. Num país tão pequeno, é estranhável tal diversidade. »
Branquinho da Fonseca em O Barão.
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O Barão de Branquinho da Fonseca é um dos mais impressionantes textos da literatura portuguesa do séc. XX. Tendo caído praticamente no esquecimento durante as últimas décadas, este conto foi recuperado pelo realizador Edgar Pêra e transposto para o grande écran o ano passado, através de um filme singular na história do cinema português.
Bastante aclamado pelo público, assim como pela crítica nacional e internacional, traduzindo-se esse sucesso nos vários prémios e galardões recebidos nos eventos em que participou, O Barão oferece-nos uma experiência única na qual a simbiose entre a literatura e o cinema se apresenta de uma forma absolutamente íntima e fascinante.
O Espaço Nimas apresenta amanhã, dia 12 de Março, pelas 21:00, uma exibição inédita deste filme, precedida por um debate em palco com a presença do realizador, do crítico e programador Augusto Seabra e da Professora de História do Cinema Ana Isabel Soares. A não perder!
Trailer de O Barão de Edgar Pêra.
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