O aproximar da quadra natalícia remete-nos para momentos de meditação interior. O espírito cristão alia-se à espiritualidade atávica dos cultos ancestrais dos nossos antepassados, pautados pelas festas cíclicas que marcam e acompanham o passar dos tempos e das estações do ano. Pensar o divino a partir da nossa terra, da nossa Pátria, do nosso eixo telúrico, torna-se por isso inevitável e necessário. Desenganem-se os homens que acreditam na economia como sendo a origem dos males que afrontam a nossa idade, pois a nossa crise é, antes de mais, espiritual.
Importa por isso reencontrar a matriz, ir ao encontro da nossa Luz, da nossa Verdade e Amor. Só aí poderemos encontrar a nossa Glória, alcançando a vitória sobre as trevas.
Aproveitando a passagem de mais uma noite de solstício e a chegada do Natal, evocamos aqui a grandeza da nossa espiritualidade pátria através de uma belíssima oração de Maria Henriques Osswald, extraída do seu livro Portugal Eterno, publicado no Porto em 1941.
Creio
Repicam todos os sinos...
Ó Vós que nascestes em Portugal, vinde rezar comigo.
1.º - Creio nos portugueses, descobridores de novos mundos.
2.º - Creio na lição do passado.
3.º - Creio na Verdade do sacrifício.
4.º - Creio nas vozes do mar, no mar das ondas ansiosas, as que não esqueceram a espora portuguesa.
5.º - Creio no arfar fiel da terra, onde tombou sangue bendito.
6.º - Creio no bem da Saudade, graças do amor, visível nas colinas mansas, nas selvas, onde cada flor fala de milagre.
7.º - Creio na bênção constante dos grandes Heróis - os que resgataram a nossa terra.
8.º - Creio na mensagem - ordem dos Santos portugueses.
9.º - Creio que Deus criou Portugal.
10.º - Creio na imortalidade de Portugal.
Ámen.
Desenho de Alfredo Roque Gameiro evocando os homens que construíram Portugal. |
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