Gravura de D. Dinis, da autoria de Gabriel M. Rousseau. |
Amor, em que grave dia vos vi,
pois (a) que tam muit'há que eu servi
jamais nunca se quis doer de mi;
e pois me tod'este mal por vós vem,
mia senhor haja bem, pois est assi,
e vós hajades mal e nunca bem.
Em grave dia que vos vi, Amor,
pois a de que sempre foi servidor
me fez e faz cada dia peior;
e pois hei por vós tal coita mortal,
faça Deus sempre bem a mia senhor
e vós, Amor, hajades todo mal.
Pois da mais fremosa de quantas som
(jamais) nom pud'haver se coita nom,
e por vós viv'eu em tal perdiçom
que nunca dormem estes olhos meus,
mia senhor haja bem por tal razom,
e vós, Amor, hajades mal de Deus.
D. Dinis em Cancioneiro da Biblioteca Nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário