«Numa altura em que Portugal atravessa mais um momento conturbado, erguem-se vozes clamando por alguém que lidere o país na direcção da prosperidade. Alguém que se destaque pelas qualidades de autoridade, competência, poder de decisão e capacidade de liderança; em suma, um "chefe".Mas a chefia não se limita a acções, por mais marcantes que estas sejam; traduz-se, também, por ideias, que, embora nem sempre vencendo no tempo em que foram pela primeira vez formuladas, acabarão por marcar o nosso destino.Ao longo da nossa História várias foram as figuras que, em determinado momento ou área, personificaram os valores que associamos a um bom chefe, ou líder. Este livro aborda, precisamente, os temas da chefia e da liderança e a figura do chefe, o seu trajecto, influência e simbolismo, em várias áreas humanas, sociais e políticas ao longo do tempo, exemplificando com figuras e episódios relevantes.Cada modelo de chefia é representativo, à sua maneira, de autoridade – formal ou informal – e de influência – passageira ou perene. E cada um contribuiu para moldar o Portugal actual.»
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Analisando a nossa história mais recente facilmente nos apercebemos do crescente problema que a sociedade portuguesa enfrenta quanto à questão de criação de elites. Este é uma velha dificuldade do Portugal saído de Abril. Contudo o paradigma marxista instalado após o golpe de Estado de 1974 veio apenas agudizar um mal entre nós enraizado há já vários séculos. Não somos nós que o dizemos. A crítica mais feroz a esta realidade pertence aos modernistas portugueses de inícios do século XX, entre os quais, Fernando Pessoa e Almada Negreiros. O autor da obra Mensagem via na incapacidade de Portugal criar escóis um dos factores degenerativos da Pátria. Talvez mais desiludido estivesse Almada Negreiros que exigia mesmo uma Pátria que o merecesse. Não obstante estas críticas, esta geração não deixou de bater-se pela necessidade de um redespertar do homem português para o seu destino histórico, algo que hoje, infelizmente, parece não acontecer com as presentes gerações de portugueses. Porquê? Talvez as gerações mais velhas continuem iludidas ou envergonhadas com os erros do passado, ao passo que os mais novos continuam a crescer na escuridão do desconhecimento e ausência das grandes referências e exemplos.
Cremos não estar muito longe da verdade ao afirmarmos que a profunda crise em que nos encontrámos hoje mergulhados nasce de todo um problema relacionado com a questão das elites da problemática da liderança. Escreveu Álvaro Ribeiro: «A aceitação e a admiração da superioridade existe em toda a consciência de boa formação moral.» Ora, quando uma sociedade se esquece deste princípio basilar da moralidade, ela rapidamente se precipita no abismo da decadência.
Cientes desta realidade, Ernesto Castro Leal e José Pedro Zúquete lançaram-se ao desafio de perscrutar na História de Portugal alguns dos principais líderes que construíram a identidade do nosso povo, moldando através das suas acções reais ou idealizadas o seu inconsciente colectivo. O objectivo era claro, voltar a redescobrir o arquétipo do chefe, há muito perdido entre as brumas nebulosas. A obra Grandes Chefes da História de Portugal, organizada por estes dois autores e redigida em co-autoria com outros treze investigadores nacionais e estrangeiros é a materialização desse balanço, disponível desde o início do mês de Fevereiro através da Texto Editores, chancela do grupo Leya. Um livro a não perder.
Lista de conteúdos e de autores
O Chefe Lusitano por José Almeida
Capítulo II
O Chefe Militar por João Gouveia Monteiro
Capítulo III
O Chefe Judaico por Nachman Falbel
Capítulo IV
O Chefe Aventureiro por António dos Santos Pereira
Capítulo V
O Chefe Jesuíta por António Júlio Trigueiros
Capítulo VI
O Chefe Luso-brasileiro por Miriam Dolhnikoff
Capítulo VII
O Chefe Liberal por Manuel M. Cardoso Leal
Capítulo VIII
O Chefe Maçónico por António Ventura
Capítulo IX
A Chefe Feminista por Manuela Tavares
Capítulo X
O Chefe Republicano por Ernesto Castro Leal
Capítulo XI
O Chefe Fascista por Eduardo Cintra Torres
Capítulo XII
O Chefe na Extrema-direita por Riccardo Marchi
Capítulo XIII
O Chefe Comunista por Rui Bebiano e Miguel Cardina
Capítulo XIV
O Chefe Diplomático por Bruno Cardoso Reis
Capítulo XV
O Chefe Constitucional por Paulo Ferreira da Cunha
Capítulo XVI
O Chefe Imaginário por José Pedro Zúquete
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