quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Enterrar o (des)acordo ortográfico no dia dos Fiéis Defuntos

«Sou favorável ao Acordo Ortográfico de 1945, com críticas a opções de pormenor, mas não aos seus princípios gerais. Não sou favorável a um Acordo publicitado como "uma das medidas mais urgentes para a unificação da língua portuguesa", como afirmou Solange Parvaux, em 2004, na Fundação Calouste Gulbenkian , esquecendo que as divergências morfossintácticas e lexicais impedem tal projecto, no mínimo, megalómano. Sou favorável a uma reforma ortográfica que dignifique a minha língua e não a qualquer documento nem a qualquer processo que se baseie exclusivamente em relações de poder, em questões que envolvam "locomotivas" e "inevitabilidade", quando as razões da ortografia são linguísticas, devendo estas ser escutadas e analisadas por quem de direito e não ofuscadas por luzes que do rigor há muito se afastaram.»
Francisco Miguel Valada  no artigo Os ii do Acordo Ortográfico, ponto por ponto,
publicado na edição de 7 de Janeiro de 2010 do Público.

Francisco Miguel Valada, autor da obra Demanda,
Deriva, Desastre – os três dês do Acordo
Ortográfico
, publicada  pela Textiverso.

No dia em que Portugal e todo o mundo católico celebra os Fiéis Defuntos, não poderíamos deixar de lembrar algo que qualquer bom português deveria querer enterrar, não com tristeza, mas com uma enorme alegria. Estamos a falar, como não poderia deixar de ser, do malfadado (des)acordo ortográfico que nos últimos tempos tem vindo a contaminar, tal erva daninha a alastrar, o nosso mercado livreiro e editorial, as nossas Instituições, incluindo o nosso sistema educativo, corroendo e destruindo a Língua e Cultura Portuguesa, a partir de dentro, como se de um cancro se tratasse.
Abraçado pelos obscuros interesses financeiros e comerciais, vendido por uma classe política corrupta e comprometida, como um fruto da inevitabilidade dos tempos modernos, impõe-se agora, mais do que nunca, aos verdadeiros portugueses a revolta contra o culturicídio imposto por estas forças antagonistas dos nossos interesses culturais, patrimoniais e patrióticos, consumado na implantação deste sinistro (des)acordo. É por isso necessário matá-lo e enterrá-lo democraticamente em parte incerta, para que no futuro não possam, os abjectos detractores da nossa Magna Língua, procurar ressuscitá-lo.
E já que o dia é dos finados, correndo um cheiro a morte com a húmida brisa deste chuvoso Outono, aproveitámos a ocasião para divulgar o blogue pessoal de Francisco Miguel Valada, autor do livro Demanda, Deriva, Desastre – os três dês do Acordo Ortográfico, carrasco assumido e declarado da infâmia imposta à nossa Língua-Mãe. No seu blogue, http://fmvalada.blogs.sapo.pt, podemos acompanhar os vários artigos que o autor tem vindo a publicar na imprensa nacional, subordinados à questão do (des)acordo ortográfico. Trata-se de mais uma posição firme, lúcida e consciente, que convidamos a conhecer em prol da Língua Portuguesa.

1 comentário:

  1. Bem lembrado.

    Da minha parte, já tomei a decisão pessoal que importa e a única possível: livros, jornais e outras publicações que insistam em alinhar com a barbárie, simplesmente não compro, não lhes pego e tanto quanto possível não as leio.

    Livros em bom Português tenho-os, graças a Deus, em número necessário e suficiente para me entreter e cultivar pelo resto dos meus dias. Em tudo o mais, prefiro recorrer ao estrangeiro, seja pelo que vai saindo em Inglês, Francês, Castelhano ou Nihon-Go (que como sabes também me serve de referência, e nas minhas particulares circunstâncias.)

    Não há outro caminho, assim me parece. E se todos resistirmos pela recusa, já fazemos mossa.
    É passar a palavra e não dar margem à trégua.

    Forte Abraço d'Além-Mar,

    Luís/NBJ

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