Insiste-se, repetidamente, no terrível obscurantismo dos "anos de Salazar". No entanto, a verdade mostra-se bem diferente daquela que a História oficial do regime dos últimos quarenta anos procura fazer vincular.
Não faltam provas e testemunhos capazes de comprovar o brilho e a centralidade de Portugal durante a época em questão. O período durante o qual decorreu a II Grande Guerra constitui disso um exemplo paradigmático. Enquanto a Europa ardia no mais violento episódio da sua grande guerra civil e o mundo perdia o Norte perante o crescimento hegemónico dos imperialismos norte-americano e soviético, Portugal soube manter-se fidelíssimo a si mesmo, preservando o seu espírito, os seus valores, a sua cultura e, acima de tudo, a sua independência.
Fomos durante aqueles turbulentos anos o rosto do exemplo e da esperança para o mundo, cultivando a cultura e civilização, onde outros apenas conseguiam fazer prosperar a miséria e a barbárie. Não será por isso de estranhar que a esta nossa Pátria, livre e independente, chegassem refugiados vindos dos mais diversos locais. Entre estes, os muitos intelectuais que por cá passaram gozavam de plenas liberdades, podendo desenvolver os seus trabalhos, criando redes de contactos que, não raramente, se estendiam aos nossos próprios artistas, sábios e homens de cultura.
Aos menos convencidos aqui fica um exemplo que atesta esta nossa reflexão:
«Conheci ontem, em casa do António Ferro, Ortega y Gasset. Que conversa apaixonante! Como vai ficar muito tempo em Portugal, espero estabelecermos uma relação de verdadeira amizade. Falou-me no livro - fabuloso! - que escreve.»
Mircea Eliade na entrada de 27 de Março de 1942 do seu Diário Português.
Panorama da capital portuguesa em vésperas da II Guerra Mundial. |
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