«A visão linear e uniforme do tempo do progresso não será já um resíduo da fé iluminista que definiu as grandes narrativas utópicas da Europa moderna? Não estaremos já em condições de compreender as consequências do projecto modernista com o triunfo do imperialismo ocidental, do capitalismo mundializado e da sua lógica sacrificial? Existirá afinal "progresso"?»
Excerto da introdução ao tema O Mito do Progresso.
Fundação de São Paulo, obra do pintor brasileiro Antônio Parreiras (1913). |
Afinal o que é o "progresso"? Existirá "progresso", ou não passará de uma mera conceptualização de um "novo mito" edificado pelo homem moderno? Insiste-se há muito em alguns velhos paradigmas que vão permitindo uma certa visão confortável, deturpada e maniqueísta da grande aventura humana. A ideia de uma ininterrupta evolução e constante progresso ético-humanístico do Homem encontra-se, desde há décadas, perfeitamente desajustada da realidade dos factos, comprovados empiricamente pelo mesmo positivismo que inicialmente legitimou a asneira reinante. Reproduzidas pelos sistemas de desinformação, estas ideias acabam por criar uma espécie de esquizofrenia colectiva, onde nem a própria noção de tempo permite dar azo a uma emancipação face ao preconceito que domina a sociedade contemporânea.
Sendo este um tema que importa discutir e debater, a antiga livraria Gato Vadio, agora convertida em Associação Cultural Saco de Gatos, organiza amanhã, dia 7 de Junho, pelas 22:00, mais uma sessão do seu Café Filosófico, subordinado ao tema O Mito do Progresso (Uncivilized Civilization). Moderado por Luís Carneiro, este debate é de acesso livre.
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