Aljubarrota
I
Vivo perfil da Pátria, na beleza
Da tua austera e cândida expressão,
Vinca-te um jeito amargo de tristeza,
Perturba-te uma estéril comoção…
D'antes, uma alegria andava presa
Ao resplendor da tua perfeição,
E até na hora longa da incerteza
Tinhas a luz do sonho e da ambição!
Via-te o mundo ― sobr'o mundo inteiro...
E a bruma do horizonte se alongava
A inquieta limpidez do teu olhar.
Perfil d`águia num píncaro altaneiro!
― Um rumor de asas fortes perpassava,
De polo a polo, irmão da voz do Mar…
II
Amanheceu a tua eternidade
Na batalha que a história não olvida ―
― Como do fogo surge a majestade
Dum bronze eterno em que se esculpe a vida!
Lágrimas, sangue, dor, gritos, saudade,
― A terra ainda as relembro, comovida!...
Mas rompia mais clara a claridade
Da tua graça heróica ou insofrida!...
― Viessem horas como aquelas horas
Em que o ingénuo sangue nas auroras
de perdida no sangue das acções!
E em que, no beijo que de ti baixava,
O desejo da Pátria exasperava
O puro ardor de nobres corações…
João de Barros
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