José Pacheco Pereira, junto com Jorge Coelho, voltou à carga contra o AO90. As suas duras críticas contra este desastroso acto da diplomacia nacional que, como sabemos, nasceu de um triste acto administrativo do Estado português, não são de agora. Da óbvia bastardização da língua portuguesa, passando pelo empobrecimento desta numa perspectiva de futuro, Pacheco Pereira referiu numa das últimas edições do programa "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias, o perigo da imposição do AO90 nas escolas e a sua directa relação com destruição de um património ligado às raízes latinas da nossa língua. O comentador teve ainda muita razão quando associou o AO90 ao fenómeno de decadência e degenerescência cultural da actual sociedade portuguesa, onde os próprios naturais de Portugal apresentam dificuldades notórias na aprendizagem da sua língua materna.
O discurso, obviamente, agrada aos defensores da língua portuguesa que, de forma heróica e abnegada, combatem o (des)acordo ortográfico. No entanto, convém recordar que, para além das palavras, nos devem também interessar os actos. Neste capítulo, José Pacheco Pereira portou-se mal ao aceder à publicação de algumas das suas mais recentes obras segundo o malfadado (des)acordo ortográfico.
De resto, este não é um caso único de incoerência. Recordemos, por exemplo, Francisco José Viegas, outro opositor do AO90, que depois de tornar-se Secretário de Estado da Cultura, durante o XIX Governo Constitucional, se remeteu ao silêncio e à inacção quando poderia, efectivamente, ter feito algo para contrariar esta mentira de Estado.
São estas incongruências e fragilidades de carácter que, infelizmente, definem os homens da nossa época. É por estes motivos que certos combates devem prosseguir norteados pela força das causas que nos movem e não pelas figuras públicas que delas se apossam. Portugal vale bem mais do que a fama e a vaidade dos homens.
Pacheco Pereira e Jorge Coelho criticam de forma dura e
fundamentada o AO90 e a sua aplicação.
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