Custa ver partir os velhos mestres. Faleceu ontem, em Lisboa, Fernando Guedes, um dos principais editores portugueses do século XX.
Nascido na cidade do Porto, em 1929, foi fundador da Editorial Verbo e esteve ligado ao aparecimento de importantes revistas culturais como a Távola Redonda, com António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira, Alberto Lacerda e Fernanda Botelho, ou a Tempo Presente, com António José de Brito, Goulart Nogueira, Caetano de Melo Beirão e, uma vez mais, Couto Viana. Entre outras obras e colecções que marcaram a história da edição em Portugal, Fernando Guedes foi o grande responsável pela criação da Enciclopédia de Cultura Luso-Brasileira, assim como pela famosa colecção económica Biblioteca Básica Verbo - Livros RTP que dotou muitos lares portugueses com algumas obras fundamentais da literatura e da poesia mundiais.
Homem vertical e integral, foi também poeta, crítico de arte, ensaísta e historiador de destaque. O prestígio alcançado ao longo do seu percurso cultural e profissional levou a sua fama além-fronteiras. Participou em inúmeros encontros internacionais, recebendo vários prémios, galardões, distinções e condecorações. Pensador e intelectual "não-conforme", ocupou internacionalmente os cargos de presidente da Federação de Editores Europeus e de presidente honorário da União Internacional de Editores. Patriota alheio aos "ventos da História", jamais se deixou sujeitar ao suposto monopólio cultural da esquerda, mantendo-se fiel aos seus princípios e ideais, mesmo nos piores momentos.
A Cultura Portuguesa sentirá a sua falta com saudade e pesar!
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