quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lembrar D. Sebastião nos 433 anos de Alcácer Quibir

«A Batalha de Alcácer Quibir teve lugar a 4 de Agosto de 1578. Após um período de desfecho incerto, o exército português e os seus auxiliares cristãos e marroquinos foram completamente derrotados. Na batalha morreram três reis e, por isso, é frequentemente designada por essa circunstância. D. Sebastião morreu em combate, Mulei Mohamede foi morto pelos seus adversários e Mulei Abdelmaleque (Mulei Maluco) faleceu de doença no final dos combates.A morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir constituiu o maior desastre da História de Portugal porque abriu o grave problema de sucessão ao trono e a consequente tomada do poder por parte de Filipe II de Espanha. A derrota traduziu-se na morte e cativeiro de muitos nobres e milhares de homens que permitiram durante muito tempo, ao novo sultão obter ricos resgates.»
António Dias Farinha em História da Expansão Portuguesa (Vol. 1).

Dom Sebastião de Carlos Barahona Possollo (1992).

Perfaz hoje 433 anos sobre o fatídico desaire militar de Alcácer Quibir. Na contenda desapareceu o rei menino, D. Sebastião, que tantos tinham como o Desejado. O seu cognome acompanhou-o desde a sua pré-concepção ao além-morte, tendo o seu nome dado lugar a umas das mais importantes expressões da espiritualidade portuguesa, o sebastianismo.
O desaparecimento físico do monarca português, retirou-o dos domínios da história, elevando-o ao plano do mito. Esta transformação alquímica do suposto mártir numa entidade mitológica processou-se no imaginário português de uma forma bastante rápida, integrando-se de imediato no imaginário espiritual nacional, lugar onde a "certeza" histórica dos homens de pouco vale.
Alcácer Quibir foi uma segunda vivência da Paixão. D. Sebastião perdeu-se num estranho labirinto enquanto as hostes portuguesas foram derrotadas, para que na sequência do fatalismo que se seguiu fosse possível viver a alvorada da esperança, no regresso de algo ainda maior e por viver, expresso num sentimento encerrado no coração de todos os portugueses - a saudade. 
Alcácer Quibir enquanto sacrifício cristológico é uma vitória, nunca uma derrota.

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