António Sardinha, figura seminal do Integralismo Lusitano, foi uma das muitas personalidades da vida política e cultural nacional a sair em defesa das Aparições de Fátima. Em Outubro de 1917, em pleno alvoroço em torno do fenómeno de Fátima, António Sardinha publicou uma interessante reflexão no jornal A Monarquia. Um século depois esse texto ainda se reveste de plena de actualidade, pelo que vale a pena relê-lo, :
«Não estive em Fátima, mas de longe eu creio na assistência da Virgem à pobre terra de Portugal. Antes que a Igreja o definisse como dogma não fomos nós os primeiros que A adoraram no Mistério da Sua Imaculada Conceição? A minha crença fundamenta-se na voz ponderada da minha consciência. Tão lamentável é a incredibilidade que cega, como a dúvida que escandaliza! O visível não é mais que a expressão bem limitada do invisível. Para além do mundo imediato dos sentidos um mundo há - mais amplo e mais insondável, que a inteligência mal adivinha e de que só a Fé nos entrega o segredo. Como o epitáfio do médico de Pádua, a ciência, de senhora tornada escrava, ensina-nos apenas a não ignorar a nossa ignorância. Por isso, pois que para edificação dos incrédulos e lição dos precavidos a humildade do espírito é o caminho aberto para Deus, repitamos com o velho Renan, ajoelhado nos degraus da Acrópole, que "raison et bons sens ne suffisent pas!".»
Milhares de pessoas acorreram a Fátima para assistir às Aparições de 13 de Outubro de 1917. |