segunda-feira, 25 de maio de 2020

As Literaturas em Língua Portuguesa

«O português é língua de muitas culturas e muitas literaturas, pelo menos tantas quantos os países que a falam (bem mais do que eles em boa verdade). Se nos ativermos à literatura, a aprendizagem da língua portuguesa tem de andar de par com um olhar sobre os textos e escritores que dela fizeram uso, em África, ou melhor, nas várias Áfricas, por serem plurais os territórios do Português e suas literaturas, no Oriente, particularmente em Macau, em Timor e na Índia, e no Brasil. Em todo o  mundo se aprende português, nos cinco continentes, o interesse de ensinantes e aprendentes recai, em grande medida,sobre todos esses territórios e culturas e não apenas sobre Portugal.»
Carlos Ascenso André no Prefácio à obra As Literaturas
de Língua Portuguesa (Das Origens aos Nossos Dias)
.

É de Fernando Pessoa uma famosíssima frase que, não raras vezes, aparece mal contextualizada: «Minha Pátria é a língua portuguesa». De facto, não só a Pátria se reflecte na língua, como no nosso caso também nela se exprime a face mais visível daquele Império que nunca se desfez. Portugal foi berço de nações, mas também de literaturas. É disso que José Carlos Seabra Pereira nos dá conta no seu último livro, intitulado As Literaturas em Língua Portuguesa (Das Origens aos Nossos Dias).
Depois do importante contributo de António José Saraiva e Óscar Lopes para o estudo da História da Literatura Portuguesa, ainda em finais da década de 1950, muito se foi alterando no panorama literário de expressão lusíada. Para além das transformações observadas na esfera político-social do espaço lusófono, em particular com o fim do Império Português, assistiu-se, contrariando o que para muitos seria expectável, a um alargamento da zona de influência da língua portuguesa. Hoje, ela será, seguramente, o nosso maior património no mundo e a pedra de toque para o desenvolvimento de uma geopolítica própria que tarda em aparecer. Este incremento do português deveu-se ao continuado esforço de enraizamento da língua dentro das fronteiras dos territórios que outrora constituíram parte de Portugal, bem como à chamada “diáspora” ou movimentos migratórios que, ao longo dos últimos 45 anos, permitiram a fundação de novas comunidades lusófonas espalhadas um pouco por todo o mundo.
As Literaturas em Língua Portuguesa (Das Origens aos Nossos Dias), obra recém-publicada pela Gradiva, permite-nos levar a cabo uma leitura sistematizada e actualizada de toda a literatura lusófona, penetrando não só na cultura literária portuguesa e brasileira, como naquela das diferentes Áfricas e Ásias de expressão portuguesa, sem esquecer essas outras comunidades que se foram constituindo mais recentemente, dilatando a zona de influência da língua portuguesa. De resto, este completíssimo trabalho de José Carlos Seabra Pereira vai ainda mais longe, conseguindo cobrir mais do que a mera dimensão geográfica do objecto de estudo, sublinhando as diferentes culturas análogas às literaturas de língua portuguesa, analisando, seminalmente, novos contextos, identidades e sensibilidades tratadas de forma literária ao longo dos últimos anos. Contrariando a tradicional tendência destes estudos para o minucioso tratamento de períodos cronologicamente mais longínquos em detrimento de épocas mais hodiernas, este livro dá um claro destaque à produção literária mais recente, desbravando, em muitos casos, caminhos pioneiros que permitem aproximar as novas gerações de leitores de língua portuguesa, sobretudo junto dos que não receberam o português como língua materna.
Contrariamente ao que poderia ser esperado, este livro não nasce de uma compilação de artigos previamente existentes, mas antes de um esforço de dimensões homéricas perpetrado pelo autor que, em boa hora, aceitou o repto que lhe fora lançado pelo Instituto Politécnico de Macau, uma das instituições mais influentes no capítulo da divulgação da língua portuguesa no continente asiático. Ao escopo da rápida divulgação e internacionalização deste trabalho, juntou-se a colaboração institucional do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos sendo que agora, após a publicação da edição portuguesa, urge uma tradução desta obra para outras línguas, em particular, para o inglês.
Este monumental trabalho de José Carlos Seabra Pereira representa muito mais do que um mero livro. Trata-se sobretudo de uma ferramenta, absolutamente, indispensável a todos os que trabalham com a língua portuguesa do ponto de vista literário. Uma obra de rigor que marca uma época e que, por certo, fará escola durante os próximos anos de estudo e investigação da História da Literatura Portuguesa e de Expressão Portuguesa. As Literaturas em Língua Portuguesa (Das Origens aos Nossos Dias) foi, indubitavelmente, publicada para se tornar numa obra de referência, obrigatória em qualquer biblioteca votada a Portugal, à tradição lusíada e à grande herança literária que constitui uma importante parte da nossa universal portugalidade.

(Clicar na imagem para ampliar.)

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Extremo Ocidente: a voz e a alma de Portugal na Radio Bandiera Nera

O confinamento a que todos fomos sujeitos na sequência do Covid19 parece ter deixado as nossas vidas em suspenso, levando a que muitos projectos fossem interrompidos, adiados e até abandonados. Outros, porém, encontraram nesta hora o momento de ser retomados, ou de simplesmente saírem da gaveta. Por certo, um dos poucos aspectos positivos de uma crise cujas origens e consequências parecem estar ainda longe de ser conhecidas em toda a sua profundidade e extensão.
Um desses projectos que foram retomados e reactivados nestas últimas semanas foi a Radio Bandiera Nera, mais conhecida pelas siglas RBN. Trata-se de uma de rádio digital, afecta ao movimento italiano CasaPound, mas aberta à Europa das nações e aos seus diversos movimentos nacionalistas e identitários. Uma plataforma revolucionária, contra-corrente, dissidente e anti-sistema que permite a livre circulação de notícias, ideias e cultura. Um espaço não-conforme que dribla a crescente censura e mediocridade cultural que acomete os meios mais tradicionais da comunicação social, controlados pelos poderes dominantes.
Extremo Ocidente é o nome do novo programa de expressão portuguesa na RBN. Substituindo o saudoso Expresso Lusitânia, outrora animado por João Roma, este programa tem a coordenação de Guido Bruno e emite, semanalmente, aos Domingos, entre as 12h e as 13h. Trata-se de um espaço de cultura e actualidade que leva a voz e a alma portuguesa ao coração da revolução europeia. Tendo iniciado a sua actividade no passado 1 de Maio, com um programa dedicado à figura de Homem Cristo-Filho, ‘Extremo Ocidente’ contou já com a participação de João Veríssimo numa emissão subordinada à relação da música com a identidade portuguesa, bem como do investigador Riccardo Marchi (ISCTE-IUL) que tratou de fazer uma síntese da História da Direita Radical em Portugal. O próximo programa será já no próximo Domingo.
Com emissão permanente, 24h por dia, a RBN compromete-se com uma necessária e salutar desintoxicação informativa e cultural. Para escutar esta rádio, inclusive o programa Extremo Ocidente, basta aceder à página www.radiobandieranera.org, ou utilizar aplicações de telemóvel gratuitas, como o “TuneIn Radio”, que possibilitam ouvir a RBN em qualquer lugar.

(Clicar na imagem para aceder à lista dos "podcasts" do programa Extremo Ocidente.)