quinta-feira, 21 de abril de 2011

'Não há ronha que envergonhe o FMI'

«Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, VIM na cozinha, VIM na casa-de-banho, VIM no Politeama, VIM no Águia D'ouro, VIM em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te arrulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandhi, olha o Moshe Dayan que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?»
Excerto da canção FMI de José Mário Branco.

Escrito em 1979 por José Mário Branco, o texto FMI continua assustadoramente actual, deixando perceber que, 32 anos passados, praticamente nada mudou na chamada democracia portuguesa, ou na nossa consciência cívica e política. Divididos pelo aparelho partidário imposto após o 25 de Abril de 1974, entregues aos vampiros da Europa de Bruxelas, subjugados aos interesses da banca e multinacionais, o Povo Português aparenta ter perdido o Norte num mundo mergulhado no caos da corrupção, oportunismo e especulação económica do capitalismo desenfreado.
Por seu lado, até os traidores de Abril, paladinos dos interesseiros, mercenários que vieram a constituir a nossa "elite-bovina-política", aparentam sentir um peso na consciência. Otelo Saraiva de Carvalho que, recentemente demonstrou arrependimento pelo seu envolvimento no golpe de estado de 1974, admitiu hoje ao Jornal de Negócios que «precisávamos de um homem com a inteligência de Salazar». Contudo, o medo da ditadura providencialista  do Estado Novo levou o traidor Otelo a sublinhar a necessidade de um "Salazar Marxista". Esperará, provavelmente, um D. Sebastião de foice e martelo...

Portugueses, nem capitalismo, nem marxismo! Temos tudo quando temos Portugal! 

FMI de José Mario Branco.

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