domingo, 23 de janeiro de 2011

Hoje é dia de eleições. E amanhã?

«Al día siguiente volverán a hablar de bancarrota y de intervención extranjera. ¡Pobre Portugal!»  
Miguel de Unamuno em Por tierras de Portugal y de España.

Representação da República numa gravura
da autoria de Álvaro Viana de Lemos.

Hoje os portugueses votam no seu salvador. Esta foi a principal ideia transmitida pela maioria dos candidatos à Presidência da República Portuguesa durante as suas campanhas. Todos os elegíveis mercenários falavam, quando deixavam literalmente de chafurdar o nome dos seus adversários na lama, em mudança, na necessidade de alcançarmos a tão almejada estabilidade política e económica, o reequilíbrio social e a sua sustentabilidade, entre tantas outras coisas.
Ficou no ar a promessa. Mais uma vez a promessa de que algo vai mudar, como se alguém dissesse: Coragem portugueses, desta vez é que vai ser. O povo, uma vez mais enganado, acorre às urnas e vota avidamente no candidato apoiado pelo seu partido, como quem participa numa qualquer sondagem desportiva sobre quem ganhará a próxima temporada desportiva, votando no seu clube de eleição.
Esta noite será a loucura das sondagens e dos directos nas respectivas sedes de campanha, onde a confiança dos últimos dias face aos resultados, se transformará na face de todos os candidatos derrotados, num sorriso amarelo de felicitações ao vencedor, num espectáculo sofrível, ao nível do Festival da Eurovisão ou da gala da Miss Mundo.
A grande questão prende-se com o dia de amanhã? Obviamente, a ressaca da euforia deste Domingo será caracterizada pela constatação da continuidade na mediocridade. Sem soluções à vista, os problemas continuarão a existir, caindo todas as promessas em saco roto. Uma vez mais, ninguém será responsabilizado pela incompetência e incumprimento criminoso dos objectivos delineados no programa eleitoral. A crise, essa estará sempre aí à porta, de pedra e cal.

2 comentários:

  1. Nem de propósito, um investigador britânico concluiu que o dia 24 de Janeiro é o dia mais deprimente do ano (http://www.ionline.pt/conteudo/100177-24-janeiro-o-dia-mais-deprimente-do-ano---e-matematico).

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  2. Por cá já quase não se distingue os dias mais deprimentes dos menos maus.

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