quinta-feira, 26 de julho de 2012

Amor, em que grave dia vos vi

Gravura de D. Dinis, da autoria de Gabriel M. Rousseau.

Amor, em que grave dia vos vi, 
pois (a) que tam muit'há que eu servi 
jamais nunca se quis doer de mi; 
e pois me tod'este mal por vós vem, 
mia senhor haja bem, pois est assi, 
e vós hajades mal e nunca bem. 

Em grave dia que vos vi, Amor, 
pois a de que sempre foi servidor 
me fez e faz cada dia peior; 
e pois hei por vós tal coita mortal, 
faça Deus sempre bem a mia senhor 
e vós, Amor, hajades todo mal. 

Pois da mais fremosa de quantas som 
(jamais) nom pud'haver se coita nom, 
e por vós viv'eu em tal perdiçom 
que nunca dormem estes olhos meus, 
mia senhor haja bem por tal razom, 
e vós, Amor, hajades mal de Deus.

D. Dinis em Cancioneiro da Biblioteca Nacional.

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