terça-feira, 7 de junho de 2011

Padre João Barrocas: a “alma da Pavorosa”

«Era de um trato afável, de extrema delicadeza e obsequiosidade e teria deixado aos seus uma avultada fortuna se, com os estranhos não despendesse grossas somas, especialmente por causa das revoltas e guerrilhas em que sempre andou envolvido.
A sua paixão pela política relacionou-o com todas as famílias Miguelistas e era, independentemente disso, estimado pelo colegas, que, se não igualava sempre virtudes, a todos excedia em ilustração e dotes oratórios.
Se produziu desordem e causou muitos prejuízos, praticou também actos que o honram. A sua vida agitada, tormentosa, odiada por muitos, enquanto teve o vigor dos anos, enquanto dominado pela paixão da glória, mas foi adorado por fim na sua triste velhice.
Na mocidade provocou ódios, malquerenças, foi insubmisso, temível inimigo dos descendentes de D. Pedro IV, adorando D. Miguel, praticando pela causa dele, os maiores desacatos...»
Joaquim Manuel Correia em Memórias sobre o Concelho do Sabugal

Famoso guerrilheiro miguelista do Concelho do Sabugal,
Padre João de Matos ou Padre João Barrocas.

O Padre João de Matos, o famoso guerrilheiro da "Pavorosa", também conhecido por Padre João Barrocas, foi um sacerdote nascido em 1815 na Aldeia da Ponte, Concelho do Sabugal. Desde cedo, alimentou um ódio feroz contra o regime liberal, tendo-se envolvido numa série de revoltas subversivas e acções violentas, com finalidade de restabelecer o absolutismo.
Partidário da causa de D. Miguel, o Padre João Barrocas estabeleceu ligações com a maior parte das grandes famílias Miguelistas, conquistando a sua estima, tornando-se conhecido em cidades como a Guarda, Pinhel, Castelo Branco e também em Lisboa. Político da causa legitimista, este sacerdote guerrilheiro foi ainda membro de uma guerrilha capitaneada por Montejo, o célebre salteador espanhol, responsável por espalhar o terror e o pânico pelos concelhos do Sabugal, Almeida e Penamacor. 
Aproveitando os ventos da revolução Carlista do outro lado da fronteira, o Padre João Barrocas procurou obter e dispor do apoio dos espanhóis, favorecendo dessa forma militarmente a causa de D. Miguel. Desse apoio nasceu a "Pavorosa", uma guerrilha Miguelista, cujo objectivo principal era restaurar o absolutismo, suprimindo e destituindo todas as instituições liberais. Não obstante o facto de ter sido procurado praticamente durante toda a sua vida de guerrilheiro, o Padre João Barrocas acabou por conseguir sempre escapar, sem nunca ter sido preso. Apresentou-se apenas ao Tribunal do Sabugal, precisamente no dia em que foi publicada a notícia da amnistia de todos os guerrilheiros da "Pavorosa", a 8 de Agosto de 1875. Nesse mesmo dia foram libertados todos os prisioneiros encarcerados devido às sucessivas vagas de tentativas de derrubar o regime liberal, assistindo-se a enormes festejos populares em todo o Concelho do Sabugal.
As suas aventuras, dignas das mais belas páginas de romances de aventura dariam por certo também um excelente argumento para um filme, representando a sua vida um exemplo de astúcia, tenacidade, heroísmo e insubmissão perante a decadência imposta a Portugal pelos liberais.

3 comentários:

  1. "representando a sua vida um exemplo de astúcia, tenacidade, heroísmo e insubmissão perante a decadência imposta a Portugal pelos liberais."

    quem escreve assim não é gago!

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  2. Só é pena que no texto se use o termo "absolutismo" (verborreia liberal)que não tem nada a ver com "Tradicionalismo Legitimista" e só serve para instalar a confusão!

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  3. A terminologia "tradicionalismo legitimista" é também posterior ao regime que procura representar. De nossa parte, procuramos apenas ser claros na distinção entre ambos os lados da barricada. O adjectivo "absoluto" em nada nos pesa quando usado para definir os grandes líderes da nossa História. Felizmente para nós, Bons Portugueses, a corja traidora prefere camuflar-se por detrás dos epítetos de "liberais", "democratas", "republicanos", "anti-fascistas"... Desses sim, precisamos de demarcar-nos, pois só a Glória de amar Portugal nos interessa.

    Um abraço,

    N.C.P.

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